Os fins justificam os meios?
Todos nós humanos, pecadores, criaturas imperfeitas, vivemos e convivemos em todos os dias com o medo da morte. O fim amedronta, nos martiriza, nos deixa inseguros e sem respostas.
O mais interessante disso é que ninguém acredita que haverá um fim, mas quando se aproxima o crepúsculo da jornada, cai a ficha e começam as reflexões, as lamentações, o arrependimento e o desejo de mudar o que, talvez, já seja imutável.
É tanta coisa que gostaria de mudar se houvesse o tempo. Não há como voltar atrás e refazer o que não deu certo. Mas sei que, com as lições aprendidas no passado, posso mudar o meu presente e sonhar com o novo futuro.
Sei que posso ser melhor, mais caridoso, generoso, solidário, amoroso, crente, fiel, paciente. Sei que tenho a capacidade de fazer mais e pedir menos e ser grato pela oportunidade de acordar em todos os dias e ouvir o canto dos pássaros que parecem sentir a minha presença e cantam sem parar na minha janela.
Ah nada pode apagar a alegria que estou sentindo. Nessa interação com o Eu lírico, posso me lambuzar de felicidade e me banhar com o perfume das flôres, que dão sentido à inspiração do poeta.
Os fins justificam os meios, mas os meios, não necessariamente, estão ligados ao início. No decorrer do percurso, pode-se parar, seguir em frente ou, simplesmente, nem começar. O poder da escolha é o de se decidir se quer chegar ao fim ou se prefere que o fim chegue até si.
Nem todo final é doloroso, temeroso, incerto. As vezes, precisamos concluir uma jornada para iniciar outra e, assim, subir degrau por degrau, e rumar à outras missões as quais nos credenciam à evolução.
O homem tem o maior poder, mas, sua imperfeição não permite que reconheça e saiba usar a força que vem de dentro de seu coração. Essa força é um poder abstrato, intangível, mas pode permanecer uma infinidade adormecido, se não houver paz e o maior dos sentimentos: o amor.
Tudo que nos envolve é o fruto de um amor pleno e sublime. Mas se não souber usar esse poder para o bem, pode acarretar anos, décadas, de milhares de infelicidade.
Não deixe que o seu fim seja tão melancólico ao ponto de as pessoas terem pena de ti. É tão devastador olhar para o passado e não achar nada que justifique a sua existência. Não ter orgulho próprio, não ter história para contar, não ser referência a ninguém e, ainda, ter vergonha do próprio fracasso.
O poeta busca na simplicidade de um ato tão singelo o grito de misericórdia que ecoa na imensidão sem fim, alertando almas errantes que não caiam em tentação e não habitem o mundo umbralino, sem côres, sem luz, sem vida, que sejam fortes na luta incessante do bem.
Queira o poder desse eco que, ao chegar ao final, possa cumprir com a sua missão, que não tenha arrependimentos que não possam ser irreparáveis, que seja digno da sua criação e possa retribuir um tanto quanto recebeu e ser exemplo para outras gerações