Fonte Nova Vem Abaixo!

 

 

            A Fonte Nova será implodida. Vejo as câmeras, a explosão, a poeira e as toneladas de tijolo virando pó. E ao pó voltarás. Alguém derrama lágrimas – no Brasil sempre teremos lágrimas vertidas. Foi um passado de glórias que virou fumaça. No entanto, as vítimas da tragédia também mereciam lágrimas.

 

            Tarde quente de futebol e, de repente, sob os nossos pés se abre um vazio e um, dois, três, dezenas de metros são percorridos. O chão é duro, frio, não permite acordos ou concessões. Espero que todas aquelas almas tenham se levantado e migrado em paz para o céu.

 

            No dia seguinte o governador – cara de pai de vítima – visita o estádio, vai aos enterros, é vaiado, questionado e, como de costume entre as autoridades, diz que não sabia. Saber do quê, governador? A frase já foi dita, gasta e usada pelo presidente. O líder é sempre o último a saber. Havia laudo e contestação por parte do Ministério Público. E se a desgraça tinha anúncio, por que nada foi feito antes? A verdadeira desgraça, segundo pensam os líderes baianos é não ser sede da Copa. Novamente nos tornamos mestres em inverter prioridades. A vida humana é apenas um detalhe.

 

            A resposta é simples: no Brasil, somente depois da tragédia, pensa-se na solução.

 

            Verdade é que o nosso IDH agora é de primeiro mundo. O presidente fez novo discurso ufanista – cabra de sorte esse nordestino. No entanto, enquanto estádios derretem, túneis se fecham, estradas viram crateras, caminhões enfileiram-se em filas intermináveis nos portos com as cargas apodrecendo, o líder afirma que tudo vai bem, obrigado.

 

            Sou otimista. O país realmente tem melhorado, graças, também, a esforços continuados de diversos setores da sociedade e a uma lei, de responsabilidade fiscal, na qual o PT votou contra – ah, se soubessem. A Vale foi privatizada (parece palavrão na boca da nossa esquerda retrógrada) e é de primeiro mundo. A China cresce e arrasta o Brasil e o mundo. E ainda tem no BC um homem do FHC. Hoje colhem os louros sobre os quais deitaram cólera. Somente lamento o descaso das autoridades diante de alertas óbvios. Não diga, governador, que não sabia. Do centro de uma labareda vejo o riso do ACM: quem mandou não fazer pacto com o demo? E a Fonte explode!