Frente fria na cidade
Abro a janela e sinto o vento frio que sopra forte e ruidoso, vindo de alguma zona de convergência intertropical, varrendo folhas, gravetos e sujeiras.
Escurece o dia em minutos, tudo muito rápido, imprevisível e perturbador.
As árvores bailam nas calçadas, a chuva fina chega e se acentua nas construções úmidas da cidade. A chuva aos poucos ganha força e as ruas estreitas ladeidais são, por fim encharcadas.
Assisto ao corre corre das pessoas em busca de abrigos e guarda-chuvas pretos e coloridos que se resvalam na agitação dos pontos de ônibus, estações de metrôs ou marquises da cidade.
A paisagem muda e o comportamento das pessoas mudam também, imperceptivemente... e assim, a chegada de mais uma frente fria na cidade de pursar quente acontece ditando o padrão e o contexto desse ambiente urbano, segundo Mario de Andrade, uma das identidades da Pauliceia Desvairada.