Nada sério
Estava meio que... Numa crise. Nada sério. Nada que não fosse superar em um ou dois dias. Contudo, trabalhava em uma empresa dessas multis estruturadas com três psicólogas no “time de RH”. Gente boa. O tema da minha crise daquela hora era insegurança. Não aquela que muitos têm. De sair puxando tapetes dos competidores imaginários (ou não). Era insegurança quanto a certas decisões a tomar. Coisa que poderia esperar, mas por pouco tempo. Falei-lhe desse meu mal e não me restringi àquele capítulo. Falei que era mais freqüente do que gostaria. Que extrapolava o que eu havia determinado como limite para “ter dúvidas a respeito”. Estávamos sentados frente a frente. Ela, uns quinze anos a menos que eu. E eu ali, confessando minhas neuras. Não sei se ocorre com os outros, mas tenho sempre a impressão de que os psicólogos de empresas se sentem bem quando um colega de trabalho subitamente os procura. Talvez, pela confiança depositada, pelo inesperado de ver aquele colega do dia a dia mais nu diante de si. Mas voltemos à insegurança: na verdade não lembro qual era. Não lembro mesmo! Sei que havia uma que me preocupava. Após ter falado e me sentido aliviado e ainda com uma ponta de culpa pela “fraqueza demonstrada”, apenas ouvi quase que instantaneamente a seguinte afirmação: “insegurança é bom. É sinal de que você pesa prós e contras antes das decisões. Que está empenhado em que ela seja a melhor. E quanto à demora em resolver, que você está achando muito, tenho certeza que se decidirá no momento mais adequado. Preocupante seria você ter sempre certeza de qual a decisão a tomar sem reflexões a respeito. ” Após agradecer-lhe o apoio e ouvir o tradicional “procure-me sempre que quiser que terei prazer em ajudar”, saí mais autoconfiante para ter as minhas dúvidas em paz.