CONFISSÕES DE UMA COBAIA
Sou irmão de psicóloga e pai de outra que está se formando nesse ano. Na primeira experiência era adolescente de uns 15 anos. A segunda está acontecendo quase 50 anos depois. Ter um irmão ou pai de cobaia deve ser prato cheio pra quem mergulha nas plagas freudianas, pois pode exercitar seus novos conhecimentos com aquela criatura fértil de atropelos e desencantos, o que espero lhe ter sido útil de alguma forma. Passado meio século, a tal vítima embranqueceu os cabelos e deixou ser presa fácil, percebendo as incursões armadas pela filha com maior nitidez, o que não abala o prazer e certo incômodo de ser observado como se ficasse diuturnamente num divã. Mas, apesar de ambas terem esse peculiar olfato, reconheço que as experiências cobaianas ajudaram bastante a lidar com certos sobressaltos e derrapadas da vida, na primeira vez um tanto inconsciente e agora palatável em carne-viva. Portanto, valeu PUC pela oportunidade de ter essas queridas pupilas por perto.