Parque Histórico da Colônia Militar dos Dourados
No dia 10 de maio de 1831, junto à primeira e maior das três cabeceiras do rio dos Dourados, afluente do rio Brilhante, tributário do Ivinhema, na bacia do rio Paraná, foi fundada a Colônia Militar dos Dourados, uma unidade do Exército Brasileiro, cenário de um capítulo heroico da Guerra da Tríplice Aliança. O local do extinto quartel está hoje inserido no município de Antônio João (MS), onde o Governo Federal criou, em 1978, um parque histórico para preservar esse patrimônio precioso que assinala o início do povoamento dessa região de fronteira com o Paraguai.
Ainda quanto à localização desse local histórico, em documentos da época consta que a Colônia dos Dourados foi construída na parte oriental do planalto da serra do Amambaí, como antigamente era conhecida essa parte da serra de Maracaju. Na obra Datas Mato-grossenses, Estevão de Mendonça observa que se tratava de um local estratégico, escolhido em função da sua proximidade com o rio Apa, que permitia o acesso vital à navegação de grande porte no rio Paraguai. Em outros termos, o quartel foi construído num divisor de águas entre as bacias dos rios Paraná e Paraguai. No seu entorno, distante cerca de doze léguas da Colônia de Miranda, foram construídos dez ranchos de colonos que plantavam roças de subsistência nas proximidades e prestavam pequenos serviços aos militares.
Por mais de 27 anos, o posto militar ficou no desalento, sem receber o custeio necessário para conservar e melhorar as suas instalações. Houve uma pequena reforma realizada em 1858, providenciada em decorrência da ameaça de invasão da região por tropas paraguaias. Entretanto, no dia 29 de dezembro de 1864, essa histórica Colônia Militar, então sob o comando do tenente de cavalaria Antônio João Ribeiro, foi atacada por uma tropa paraguaia de 250 homens comandados pelo major Martin Urbieta.
Antes do ataque, o comandante brasileiro ordenou a retirada dos colonos civis sob a proteção de alguns soldados. Com 15 homens apenas, entre oficiais e praças, na iminência do ataque, o tenente Antônio João enviou a histórica mensagem ao comandante de Nioaque: "Sei que morro, mas meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria". Ficou na história que o tenente e seus comandados tombaram em combate desigual em defesa Pátria.
Dois anos após o término da guerra, o Governo Imperial assinou ato, em 21 de junho de 1872, ordenando o restabelecimento da extinta unidade militar, passando a funcionar como barreira fiscal de produtos exportados através do rios Apa e Paraguai. A reordenação das unidades militares do Brasil, após a Proclamação da República, passou a priorizar locais estratégicos um pouco mais afastados da fronteira.
Desde o início do século 20, Campo Grande foi escolhido para sediar a então Circunscrição Militar do Mato Grosso, que estava então baseada em Corumbá, o que somente se efetivou em 1921, com a construção de um conjunto de quarteis em terrenos amplos, adquiridos pelo município e doados ao Governo Federal. Desse modo, justifica-se a importância cultural do atual “Parque Histórico da Colônia Militar dos Dourados”, patrimônio da história regional, localizado no município de Antonio João, entre outros sítios que simbolizam o passado da antiga região sulina do Mato Grosso e berço do pujante Estado de Mato Groso do Sul dos nossos dias.