Quando vivíamos na roça, onde a iluminação noturna era realizada através de lamparinas a querosene, possuíamos um rádio de pilhas. Eram umas pilhas grandes, que certamente, tinham prazo de validade relativamente curto. Para substituí-las era necessário esperar que o meu padrinho trouxesse outras novas da cidade. Isto só ocorria quando ele ia recolher o leite, os queijos e a manteiga produzidos na fazenda. Esses e outros produtos eram levados para serem trocados por querosene, sal e pilhas na Cooperativa do Município. Bem, para economizar as pilhas só ouvíamos as novelas do ator Albertino Limonta como Jerônimo, o Herói do Sertão e outras, e a Hora do Brasil, que começava às 19 horas. Ouvir novela era nossa única diversão eletrônica. Ficávamos excitados e emocionados diante daquele aparelho que acendia uma luzinha e possuía fio terra. Na cidade, a vovó Julieta, que era completamente cega, também tinha como distração ouvir novelas até o fim de sua vida, na década de 80. O curioso é que ela sabia o horário certinho para ligar o rádio, sintonizava a sua estação preferida e regulava o volume. Eu me lembro de um dia em que estava visitando-a na sala da casa da minha tia, com quem ela morava. Disse-me que precisava ir para o quarto, porque queria ouvir o último capítulo da novela. Era tão importante aquele ritual, que ela se emocionava com a audição das novelas e, às vezes, ficava com os olhos cheios de lágrimas por causa do sofrimento de algum personagem... Bem, agora estão resgatando esse tipo de novela, que muitos de vocês, cetamente não conhecem. Então ouçam aqui:
https://youtu.be/CLjYCX3sPuo