Uma lição de vida
As coisas da vida são interessantes. Às vezes, em pouco espaço de tempo aprendemos coisas que ao longo dos anos não nos dispomos a isso. Certo dia, dentro de poucos minutos, pude ter um ensinamento tão grande, que, tenho certeza, durará por toda a minha vida!
Conheci uma mulher que acabara de dar à luz o seu 11º filho e aparentava estar muito feliz. Ao ouvi-la falar de sua vida, algo me chamou a atenção. Diferente das demais mulheres, que se preparam durante nove meses para a chegada de um filho, ela nada tinha para oferecer à pequenina. Não havia feito o enxoval, que, costumeiramente, as mães, mesmo sendo pobres, preparam à espera do rebento. Esta mãe, no entanto, não tinha feito nada, pois, durante a gravidez, ela estava decidida a doar a criança.
Esta senhora, que - para preservar a sua identidade - vou chamá-la de Vitória, trabalha no Lixão, de onde tira o sustento para os seus fi-lhos. Ao observar em seus olhos, pude perceber uma alegria incomum. Ela contou-me que teve a sua filha sozinha, em casa, e só após a criança nascer é que os vizinhos perceberam o que estava acontecendo. Foi com o choro do bebê, anunciando sua chegada, que os atraiu àquela simples moradia. Aí, então, não faltou ajuda. Todos foram ver o que de anormal acontecia. Lá, os vizinhos chegando - mulheres, homens e crianças - presenciaram uma cena rara nos nossos dias: um parto caseiro. Ela foi levada ao hospital apenas para que fossem feitos os procedimentos finais do parto, pois o pior ela havia passado sozinha.
Que coragem, Vitória! Você é mesmo uma mulher forte. Forte por enfrentar as circunstâncias do dia-a-dia, por lutar pela sobrevivência de uma maneira tão ruim. Forte por desistir de dar sua filha, pois, como disse: “Mãe, que é mãe, não dá seus filhos.” As enfermeiras daquele hospital se surpreenderam e testemunharam que você é forte mesmo, mulher! Quando você chegou lá, abraçando a filha que acabara de nascer e que ainda nem o cordão umbilical havia sido cortado, todos puderam ver a sua coragem de mãe. Naquele gesto acolhedor, você estava mostrando que não importa a situação, o que vale mesmo é a maneira como vemos a vida. Uma coisa observei... Em nenhum momento você reclamou da vida. Achei isso fantástico!
Na situação em que você se encontrava, claro que teria toda razão de se lamuriar. Então, pude perceber o porquê de você transmitir tanta alegria. Isso já tinha aprendido antes: quando há murmuração, as coisas sempre dão errado; parece até que lutamos sozinhos, e não recebemos de Deus nem o que pedimos. Por outro lado, quando há gratidão no coração, tudo é bem diferente.
Por isso, eu exalto aqui a sua postura, Vitória. Você, sim, é uma mulher de fibra!