Manhã de Neuras
Tudo começou quando eu me levantei fui escovar os dentes. Então, olhei para o espelho e lá estava ela. Grande e imponente. Eu ainda não tinha 25 anos. Contudo, ela estava ali para me mostrar que o tempo está correndo. Pareceu que uma parte da minha vida durmi e acordei como velha. Bom, era uma linha reta, bem no meio do meu cenho. Assim parecia que eu estava brava. Pior é que eu estava. Logo, lá na frente.
Depois disso, comecei a elaborar hipóteses de como aquela ruga nasceu. Poderia ser porque eu estava franzino muito o cenho por causa dos meus óculos fraco, ou porque eu dormia com o rosto amassado no travesseiro, ou ainda porque ficava brava e mandava os outros catar coquinhos... Troquei os óculos, tentei dormi virada para cima e segurei o carão estilo Poker Face na hora da raiva.
Mas sabe o que é? Não importa mais o que me causou essa ruga. Ela não vai embora assim tão fácil. Talvez, eu tenha que aceitar a mudança. Já que para os outros sempre falo sobre como temos que desconstruir esses padrões de beleza. Ou, eu posso tirar ela com jato de plasma... É engraçado, porque não acho as rugas dos outros feias. Sempre dizendo que são as linhas da vida. Acho até bonitas!
Junto com essa falta de aceitação da minha ruguinha e ganho de peso, me veio um desespero com a falta de um amor romântico. Sempre esperei tranquila meu grande amor, porém agora ficou mais complicado. Parece que ele não vai chegar. Sei que é burro, porque mesmo as pessoas mais velhas amam. Isso não é uma experiência exclusivamente dos jovens.
Aquela manhã de neuras tinha se tornado um grande confronto comigo mesma. Eu vs. Eu. Com minha própria reflexão tive de combater meus próprios preconceitos procurando pela paz.