Na minha ultima visita ao oftalmologista vivenciei um processo moderno que, em vez de dilatar as pupilas, é tirada uma fotografia de fundo de olho. Quando entrei na sala para o exame, a foto estava na tela do computador e se assemelhava a uma pintura artística. Por um momento, fiquei a olhar para ela, distraída, pensando quantas coisas ali estariam registradas - alegrias, mágoas, sofrimento, quantos olhares de esperança, de fé - um verdadeiro filme de vida.
Sou uma pessoa imediatista. Tudo para mim tem que ser felicidade expressa, vivida no momento exato, sentida do modo mais cru possível. Não deixo absolutamente nada para depois. Eu vivo tudo intensamente, como se tivesse medo de perder um segundo da vida. E essa pressa de viver, não foi a idade que me trouxe. Nasci na cama, enquanto meu pai saía para buscar a parteira; no Ginásio, fui a primeira que teve uma câmara fotográfica e tudo que queria era registrar, sem fôlego, momentos e emoções.
Jamais durmo no ponto. Bebo a vida em goles rápidos: café tem que ser fumegando, a água geladissíma! Nao sou de meio termo, e absorvo tudo que vejo e sinto. E, estranhamente, minha alma nunca tem ressaca.