ABISMO
ABISMO
A noite vai alta e o sono não vem, apesar do cansaço do dia.
As horas passam, se arrastando, e a agonia da insônia toma meu ser
Procuro rezar, ter pensamentos de paz e beleza, mas não há espaço para isso.
Uma inquietação e irritação profundas mexem com meus nervos, e me fazem revirar na cama, sem encontrar a posição de repouso, que procuro.
Levanto-me, vou à cozinha, abro e fecho a geladeira, como a procura de algo, que não encontro. Volto para o quarto, torno a me deitar mas a angústia não me deixa.
É como que se estivesse à beira de um abismo profundo, sentisse a vertigem da altura e o medo de cair.
É um abismo emocional, sem fundo, para o qual a única defesa é dormir. Mas o sono não vem.
Resolvo, então, deixar minha mente mergulhar nas profundezas e, tal qual uma águia, abro as asas da imaginação e começo a planar, em círculos, passando rente às paredes e observando cada detalhe, preenchendo assim meu vazio.
Lembro-me, nesse momento, da voz de meu pai me dizendo: A melhor forma de vencer seus problemas ê encarâ-los de frente.
Face a face com meu abismo interior, descubro que ele existe para ser descoberto e sondado. Que não devo fugir dele, mas conhecê-lo, para melhor entender os mistérios da mente, adormecidos em meu subconsciente.
É a hora da verdade: Eu penso, logo existo.
Dou asas à minha imaginação e crio novos pensamentos, mergulhados na fantasia, onde descortina mundos, nunca antes sonhados. Vejo, de repente, como é belo e exuberante o meu interior, que apenas espera e me provoca, em noites de insônia, querendo ser descoberto.
Minhas pálpebras ficam pesadas. O sono chega, finalmente, com a certeza de que a maior descoberta do ser humano, é o seu mundo interior, que nos assombra, como se fosse um abismo insondável, mas é, na verdade, um mundo encantado, que eternamente nos espera.