Engenheiro Arnaldo Estevão de Figueiredo
Natural de Rosário do Oeste, Mato Grosso, Arnaldo Estevão de Figueiredo estudou no Liceu Cuiabano, onde foi aprovado com distinção nos exames que permitiam o ingresso no ensino superior. Foi estudar na Escola de Agronomia e Veterinária, de Pelotas (RS), anteriormente denominada “Imperial Escola de Medicina Veterinária e de Agricultura Prática” e hoje integrada à Universidade Federal daquela cidade gaúcha.
Em 1914, na plenitude dos seus 22 anos de idade, recebeu o diploma de engenheiro-agrônomo e retornou ao Mato Grosso para trabalhar no serviço estadual de demarcação de terras. Alguns anos depois, veio morar em Campo Grande, onde continuou trabalhando na demarcação de fazendas e terras públicas para a formação dos antigos distritos e atuais municípios de Jaraguari e Ribas do Rio Pardo.
Iniciou exitosa carreira política sendo eleito vice-intendente de Campo Grande, na chapa encabeçada pelo farmacêutico Antônio Norberto de Almeida. Com a renúncia desse titular, assumiu, pela primeira vez, a administração municipal, em janeiro de 1920, permanecendo no cargo até o início do ano seguinte. Passados três anos, foi eleito intendente, voltou a administrar o município entre 1924 e 1926. Durante esse triênio foi construída uma rede de abastecimento domiciliar de água para atender cerca de 200 casas; criou a Colônia Municipal de Terenos e regulamentou o funcionamento das feiras livres. Anos depois, exerceu o cargo de Governador do Mato Grosso, entre 1947 e 1950, eleito pela Assembleia Legislativa do Estado.
Em dezembro de 1976, quando estava com 84 anos, recebeu uma significativa homenagem prestada pela Federação Nacional dos Engenheiros Agrônomos, por ser, naquele momento, o engenheiro-agrônomo formado há mais tempo no Brasil. Em solenidade realizada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, recebeu diploma e medalha de honra ao mérito, conforme notícia publicada no jornal cuiabano O Estado de Mato Grosso, em 12 de dezembro do referido ano de 1976.
O experiente engenheiro continuava, ao receber a referida homenagem, sua generosa trajetória de homem público. Durante a solenidade, anunciou que estava trabalhando para a criação da Faculdade de Agronomia de Mato Grosso, que deveria funcionar no campus de Dourados da Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT). De fato, no ano seguinte o curso foi criado e implantado em 1978. Mas sendo aquela Universidade federalizada, devido à criação do Estado do Mato Grosso do Sul, o curso passou a integrar a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus de Dourados, hoje, transformado na Universidade Federal da Grande Dourados.
Indicadores recentes mostram que esse curso de Agronomia se transformou num centro de excelência profissional, com programa de pós-graduação implantado há quase 30 anos. O longevo engenheiro faleceu em Campo Grande, no dia 15 de dezembro de 1991, com 99 anos de vida. Os homens passam, ficam as obras e o legado em favor do trabalho, da ciência e da comunidade. Por essas e muitas outras razões que não cabem nessas linhas, nossas reverências à memória do cidadão que participou ativamente, por várias décadas, na construção coletiva do Mato Grosso do Sul.