Emoções
Você se emociona com facilidade? O que te emociona? Marcar um gol? Tirar dez na prova? Ganhar um abraço bem apertado da pessoa amada? Receber um aumento de salário? Ouvir uma música linda que te faz recordar o passado? Encontrar alguém que você não via faz tempo? Acho que a relação é interminável, principalmente quando se sabe que as emoções dependem de sentimentos tão variados, de oscilações afetivas, de processos individuais e coletivos. As emoções podem se transformar em comoção, em movimentação política, em decisões importantes, quase nunca conduzem à inércia ou à apatia — são capazes de provocar mudanças.
É difícil falar de algo tão subjetivo, mas nosso tempo tem se caracterizado por fortes emoções, como a morte de um ídolo, um grande desastre, a queda de um avião, o rompimento de uma barragem, o deslizamento de um morro, um incêndio de grandes proporções, o falecimento de uma pessoa querida, um trágico assassinato. O nascimento de um filho ou de um neto e uma vitória política ou esportiva também produzem efervescências emocionais. Fala-se muito na capacidade desigual de cada um se emocionar, parece que o sentimento não é o mesmo para todas as pessoas. Para uns, basta o primeiro instante; para outros, leva tempo até despontar o choque, o susto. De uma forma ou de outra, uma reação vai surgir, mais forte ou mais branda, e isso vai nos afetar.
Crianças felizes nos emocionam. Sua conversinha animada, suas dúvidas, seu encantamento com o mundo costumam causar boas sensações, trazem esperança. Crianças doentes, famintas, sem escola, machucadas, agredidas também nos emocionam, mas o sentimento é de desolação e tristeza. Verdade que alguns parecem não se preocupar com isso. Será que não se emocionam?
É possível não desenvolver emoções? Passar pela vida sem se importar com as questões que afetam os seres humanos? Dá pra viver no planeta e não se interessar pela imensa biodiversidade que existe? Saber da guerra, dos conflitos, da violência, do ódio e fechar os olhos? Virar de costas? Refiro-me a questões sociais, filosóficas e históricas, que mobilizam os humanos e os fazem seguir adiante, ou não. São questões que envolvem as escolhas que fazemos entre civilização ou barbárie.
É impossível conhecer as consequências da guerra e não se importar com o sofrimento humano causado pela destruição, pelas mortes e agressões. Não dá para ver crianças trabalhando, em aflição física e emocional, sendo maltratadas, escravizadas, violentadas, e não falar nada. Não é correto defender o descaso, a opressão e a desumanidade. É inconcebível perder a capacidade de se emocionar e de se indignar. É cegueira? Desinformação? Ou os interesses pessoais falam mais alto, a ponto de não nos deixar ver o que acontece ao redor, deformando a realidade existente? Comportamentos negativos, agressivos ou indiferentes mexem com nossas emoções — e muitos nem percebem. Já pararam para pensar nisso?