O MONSTRO DA INFLAÇÃO E MEU VINHO BARATO
O som do vizinho estava alto. Fui até a geladeira e tinha lá geladinho uma garrafa de vinho daqueles baratos o qual costumo comprar sempre que faço compras, não porque gosto dele, mas por ser o único que meu pobre dinheirinho suado de trabalhador dá para comprar por conta dessa monstra carestia, afinal não tenho cartão corporativo.
Mas bem, nem sei mesmo o porquê estou escrevendo isso, acho que ia falar de outra coisa, no entanto, as músicas dos vizinhos me tiraram o sentido. Sim, dos vizinhos, agora há uma disputa de música ruim, entretanto, a disputa é de quem tem um som mais potente, as músicas não são diferentes uma da outra, sem qualidade, porém tenho que engolir junto com esse vinho barato com gosto de vinagre velho.
Ah, lembrei, era justamente da carestia a minha resenha de hoje.
Depois que peguei o vinho e coloquei no carrinho em "visita" ao supermercado fui colocando depois aqueles itens básicos, feijão, arroz, farinha, macarrão, umas conservas, sardinhas enlatadas, óleo, ovos, banana e outras frutas de pobre, por sinal mais murchas que o meu rosto de budog velho. Inventei de pegar dois quilos de picanha e fui rumo ao caixa pagar. Aquela moça simpática sorriu para mim, deu um boa noite e começou a cuturcar aquela máquina terrível e no final disse:
- São oitocentos e quarenta reais e quinze centavos, senhor.
Olhei com os olhos arregalados para ela e retruquei:
- Moça, quero comprar apenas esses itens e não o supermercado!
- Mas senhor, esse é o valor real, essa máquina não mente.
- Pode até não mentir, mas com certeza fez um doutorado sobre como roubar com os nossos político, disse eu.
Como todo pobre que se preze disse para ela ir tirando alguns itens como a carne e meu vinho barato até chegar no teto de quinhentos contos, visto ser tudo aquilo o meu dinheiro, o mesmo valor o qual comprara no mês anterior todos aqueles ítens.
Voltei para casa desconsolado. Ainda bem que ainda não tinha bebido meu vinho barato comprado no mês anterior e só degustando agora ouvindo essa música de cabaré de beira de estrada (nada contra esses locais de boa diversão, a quem gosta, é claro, não sou mais disso, ops, nunca fui. Melhor eu calar para não me comprometer aqui por casa) e pensando como esse monstro da inflação acabou me desestabilizando tanto sem meu vinho de pobre com gosto de vinagre.
Espero que dias melhores possam vir e me estabilizar, quem sabe até poder comprar um vinho um pouquinho melhor para fazer umas fotos e mostrar em meus status do zap fazendo aquela média com os poucos que ainda acompanham minhas redes sociais.