Chamamento
Começarei pela explicação do título? Acho que não! Deixarei o leitor curioso do porvir.
Nos últimos tempos as árvores tem me chamado a atenção por sua beleza, funções e sabedoria. Tem me remetido a ideia de transformação constante e da sutileza com que toca a presença de cada um de nós.
Sejam floridas, frutíferas e, as vezes , só de galhos secos; elas nos mostram que precisamos ter raízes e por isso firmo mais o pé na terra quando as fito tronco acima.
O tronco precisa funcionar bem para conduzir nutrientes por toda árvore de forma harmônica. Isso nos lembra de que precisamos cuidar bem do nosso tronco e que ele é o contenedor e condutor da seiva da vida.
E quando olho para os galhos, suspiro fundo e lembro de todos os nossos sentidos: paladar, olfato, tato, audição e visão. É por eles que conhecemos o mundo. As árvores sentem o mundo ao seu redor pelos seus galhos que se interagem sobremaneira aos dizeres da natureza: brisa, vento forte, sol fraco ou de rachar, chuva ou tempestade e até raios e fogo. Assim também é a nossa vida. Agimos ou reagimos as intempéries com toda a bagagem acumulada até o momento.
O chamamento das árvores é exatamente isso! É o convite que elas tem me feito quando as aprecio vez ou outra. O convite ao pensamento. São frondosas e altas, outras pequenas e de copas largas, pendem para um lado ou para o outro ou são retas, algumas sozinhas outras agrupadas e outras reservadas, algumas se desnudam das folhas para se vestirem de flores e nos ensinam a arte do desapegar: abrir mão de algo e experimentar outra coisa.
Quando me coloco debaixo delas deitada e olhando árvore e céu ao fundo compreendo que apesar da nossa natureza ser diferente fazemos parte de um todo e nesse instante único somos simultaneamente um e infinito. E o silêncio se faz.
Renata