A IDADE DA LOBA
Mulher com a idade da loba é aquela em que a Regina Lemos fala em seu livro sobre as de 40 anos ou mais que se rebelaram contra as regras do machismo nas quais só os homens podiam tudo, sobretudo com relação a sexo. Freud já se referia à Idade do Lobo para focalizar os homens tratando da sua virilidade e autoafirmação e nunca aceitar a velhice. A mulher passou a querer os mesmos direitos e junto com o seu projeto igualitário acoplou a autoestima entendida no seu significado real que vai além de visitar o cabeleireiro regularmente, comprar roupas e sapatos e declarar-se estimada por ela mesma. Escolheu ser valorizada no que fizesse e ser aceita por ela mesma. Sem os ingredientes do amor próprio e da autoconfiança a autoestima sempre será algo descompassado até porque sem esse ingrediente comportamental as pessoas geralmente se revelam desajustadas de si mesmas.
Mas quando a autoestima ultrapassa seus limites a coisa vira vaidade, o que resulta no surgimento do narcisismo. Aí, depois de ler um livro de autoajuda, a pessoa declara amar a si própria mais do que tudo. A coisa desanda, a intolerância emerge no que resulta em reações geralmente intempestivas quando criticada.
Ela é bem falante, intima de todos os salões de beleza e de butiques da moda. E sorriso ensaiado para a admiração de quem gravita em torno. Vaidosa como só ela sabe ser. O objetivo é o de aparecer a qualquer custo, marketing pessoal que beira a insanidade. Se uma máquina fotográfica estiver passeando nas adjacências a pose já está previamente pronta, quem sabe sai numa revista ou jornal. Se há convite, para dar entrevista o assunto pode ser até inseminação artificial do “touro Bandido” que ela aceita e se duvidar discorre sobre o procedimento. Se o elogio demora para ser explicitado já é motivo de inquietação, mas quando vem com a rapidez preconizada quase entra em orgasmo. Seu combustível é o aplauso. Não se sabe se os seus valores intelectuais chamam a atenção de quem lê coisas que valham a pena, o que importa é o culto à imagem. Se a autoestima preconiza cuidar de quem se valoriza e tem confiança em si e nos seus atos nossa admirável mulher de divãs aconchegantes detém o atributo que fica distante de terceiros porque só ela alcança e apenas ela difunde o seu jeito.
Os vaidosos em excesso só ouvem elogios. Na visão deturpada - lembra o Pondé - pega muito bem posar de quem se ama muito num mundo bobo como o nosso, sendo que tudo isso não passa de uma marca da babaquice chique de nosso tempo.