Traíra

Pensando numa pessoa dissimulada, lembrei-me dessa palavra relativa a um peixe de mesmo nome, que pela sua sagacidade e forma de alimentar-se ressurge repentinamente de um local bem escondido e surpreende a presa pela velocidade e pela circunstância elementar de sua forma de caçar. Será que a “Traíra” (pessoa) também age dessa forma, ficando escondida num local inesperado para poder surpreender a sua “presa”, ou esse “Traíra” como designação da pessoa dissimulada tem origem no verbo “trair” ; acrescentando-se o “a” para significar uma traidora do sexo feminino.

Estou tentando definir a origem dessa denominação popular, porque esse tipo de pessoa sempre atravessa nosso caminho. Eu tenho o costume de não rotular ninguém através de conceitos prematuros, para não envolver-me em opiniões que não sejam reais, buscando alcançar dados concretos provenientes de um relacionamento mínimo que possa orientar-me através de condutas, posicionamentos, iniciativas, tendências etc. Assim, a princípio, toda pessoa que conheço é pura na alma, não tem vícios, é confiável e pode ser minha amiga.

Só o tempo mostra como as pessoas são. Depois dessa espera podemos enxergar com maior precisão as pessoas que correspondem à nossa expectativa e também aquelas que nos desagradam por não serem confiáveis. O importante de tudo isso é que no final verificamos muitas pessoas são boas e uma minoria nos decepciona, porque são dissimuladas e incapazes de sustentar o que dizem, agindo como se tivessem uma couraça de proteção contra a verdade e assim buscam sempre o conflito através de informações distorcidas, levando notícias truncadas, visando causar desconforto entre os semelhantes.

Conheço uma pessoa assim. Ela fala as coisas pra mim com tamanha convicção de que irá convencer-me, mas fico preparado para não iludir-me com suas artimanhas e enquanto ela fala só consigo pensar em coisas do tipo: “Como ela é “cara-de-pau”. A verdade é que a máscara que está cobrindo o rubor do seu semblante pode ser capaz de tornar-se apta a surtir efeito num primeiro momento, mas se torna incolor com o tempo e se dissipa com a chegada da verdade, pois as mentiras não incompatíveis com os fatos e acabam vindo à toda pelas contradições e pela incapacidade de serem reproduzidas de forma harmônica.

Não vejo qual a graça de se ter um comportamento desse jaez, pois a tendência de uma pessoa como essa é alternar seu círculo de convívio, pois uma mentira aqui, uma mentira ali, vai afastando as pessoas. E o que é mais grave perde a credibilidade. Assim, tudo que uma pessoas dessa fala ninguém acredita, ou ao menos tem de fingir que acreditam, criando-se uma situação de mal-estar que não é compatível no relacionamento de pessoas de bom caráter.

Enfim, cada pessoa sabe o que é melhor para si. Viver à margem dos limites ponderáveis em uma sociedade é o mesmo que viver no “fio da navalha”, pulando de galho em galho como fazem os primatas, que são irracionais, mas nem assim podem ser chamados de “caras-de-pau”.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 27/11/2007
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