Para o filósofo Martin Buber, a alma humana em sua essência não é má. O que existe é uma deformação no seu impulso natural para aperfeiçoar-se. Ele alia-se às palavras de Santo Agostinho: “Procurei o que era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da substância suprema”.

 

Buber diz que o homem nasce com dois instintos que o direcionam, o do bom e o do muito bom. De onde viria então a maldade? Segundo o filósofo, o muito bom é a fresta por onde o mal penetra. O Ser Humano, no afã de ser muito bom para si, se perde na relação com os outros, tornando esse instinto egoísta e mau. Só podemos desejar o bem para nós próprios, o máximo de bem e esse desejo é irrefreável. Daí, a possibilidade da perversão do instinto do muito bom, que nos leva a desejar “ser melhor do que os outros”.

 

O muito bom seria o entusiasmo, a força propriamente dita do ser humano sem a qual não se consegue criar. Entusiasmo esse que pode se perverter em seu impulso para frente. Para Buber, não é possível excluir o mau instinto, mas sim retorná-lo à sua origem, alinhando-o novamente ao instinto do muito bom. Ele adverte que não compreenderemos a questão do mal se concebermos o bem e o mal em dois sentidos opostos e autônomos.

 

O bem na filosofia de Buber está acima de qualquer valor dado institucionalmente pela sociedade. Ele é inerente ao homem.