Sem canto para voltar

Muitos tem um lar para retornar quando dá tudo errado. você viaja o mundo, dá errado na carreira, perde o emprego, sempre está ali a sua espera um quarto, uma cama confortável para deitar, uma sombra a água fresca dos pais para lhe acolher. E você ainda acha eles um lixo, que são caretas, retrógrados, que você sim é o pensador autêntico que vai mudar o mundo, quando no fundo é seu pai ou sua mãe que manda o PIX para te salvar, quando o Uber chega para lhe buscar de mais uma festa com os amigos. Ou vai te buscar quando na escola, na faculdade. Que paga teu intercâmbio. E lá você coloca nas redes sociais que superou milhares de desafios, quando na verdade, quem segura as pontas de tudo são eles, seus genitores.

Mas muitos não tem lugar para voltar, quando se ver sem saída, sem emprego, sem renda, sem caminho a seguir. Então só há um caminho, aceitar qualquer bico para não passar fome, correr para um abrigo governamental e passar mais uma noite para escapar do frio.

Muitas vezes não temos nenhuma segunda chance, imagine uma terceira ou quarta possibilidade. Ou você dá certo, ou dá errado e no fim, já sabemos que quando não tem uma família por trás para segurar as pontas, o seu lugar é no frio, abandonado das grandes cidades, perdido, no álcool, único refugio para esquecer as dores do abandono.

Mas quem tem tudo, não quer saber de quem não tem nada, só resta julgamentos, acusações, falsas promessas governamentais de mais um ano eleitoral. As dores do outro passam longes das nossas vidas privilegiadas. Claro se você luta bastante e se mantém de pé, ainda com um mísero emprego que te sustenta, tem que resistir e aguentar as pontas, pois pior com ele e ainda mais terrível sem ele.

Ontem vi no Facebook, um texto de um empresário de Fortaleza do ramo das castanhas fazendo um pedido, um grito de socorro, pois com as reformas de um local na cidade, seu ponto ficou mal localizado e as vendas caíram bastante, ele queria ajuda para se adaptar as mudanças para não quebrar de vez. Se alguns ficaram privilegiados, outros ficaram bem fodidos. E esse cara um dia até apoiou meu projeto, e depois ele ficou com raiva de mim e nem me deu mais atenção, mas mesmo assim eu senti por ele. Sei como é dolorido isso.

Carlos Emanuel
Enviado por Carlos Emanuel em 26/06/2022
Código do texto: T7546274
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