O PATO QUE "PAGOU O PATO"
Certo dia, em uma viagem rotineira de ônibus coletivo, sentei-me ao lado de uma senhora desconhecida, bastante simpática e, depois de iniciarmos um diálogo, ela começou a falar-me um pouquinho da sua vida (o que acontece com freqüência no primeiro momento quando conheço as pessoas, elas dizem que eu inspiro confiança imediata), relatando-me o seguinte:
- Disse-me que há cerca de três anos idos, na ocasião do nosso encontro, perdera o marido que sustentava a família através de biscates, tinha três filhos menores para sustentar e, nenhuma economia disponível, já que o sepultamento do cônjuge consumira todas as suas economias. A humilde habitação onde residia, apesar de própria, era uma verdadeira peneira e, ela pedia aos Céus para não chover, o que a deixaria em situação ainda mais difícil com três filhos menores. Diante da extrema dificuldade e sem poder contar com a ajuda de ninguém, por não possuir parentes no local, ela resolveu ir à luta. Como já fizera alguns salgados no passado, resolveu fazê-los agora, para vender e, garantir o sustento da família. Os ingredientes para fazer salgados, mais precisamente, coxinhas de galinha, ela possuía, faltava somente o principal, a galinha. Sem dinheiro para comprar a penosa, ela não esmoreceu da idéia e, como criava um único pato no minúsculo quintal, decidiu que aquele pato iria "pagar o pato" no lugar da galinha, para que ela pudesse fazer as suas primeiras coxinhas de galinha, ou melhor, de pato.
Aquela guerreira fez as primeiras coxinhas de pato e vendeu-as como de galinha em um barzinho próximo à sua casa e, diante do capricho com que as mesmas foram feitas, o dono do bar virou comprador assíduo dos salgados, que eram vendidos rapidamente e em quantidades cada vez maiores no seu estabelecimento. A guerreira da vida começou a atender pedidos cada vez maiores do bar e da vizinhança, diversificando agora os tipos de salgados, tendo sempre como referência e principal propagandista, o dono do bar da esquina e, a freguesia que provava dos salgados uma vez e, ficava freguês. Ninguém nos arredores fazia festa sem encomendar os salgados deliciosos daquela mulher.
A mulher estava com os olhos lacrimejados ao concluir a sua história, dizendo que no momento estava feliz e, bem financeiramente. Havia construído uma habitação decente com dois pavimentos, tinha alguns empregados e, uma pequena empresa para organizar festas e que tudo estava indo bem demais. Disse-me ainda que tem muitas pessoas que só sabem reclamar da vida diante da dificuldade sem promover nenhuma ação que possa mudar a situação, transformando uma aparente derrota em vitória, como no caso dela, que para ser vitoriosa, decidiu diante da dificuldade, fazer o pato "pagar o pato", para que ela não continuasse a "pagar o pato" da infelicidade, como muitos que insistem em cruzar os braços diante das dificuldades, esquecendo-se que a melhor maneira de vencer os momentos difíceis que a vida oferece, é encará-los de frente com muita fé e confiança no Deus Criador, buscando a ajuda e solução Divinos e, cooperando com O Pai para afastarmos as densas trevas. Se fizermos isso, haverá solução para tudo em nossa vida e, jamais iremos "pagar o pato" da infelicidade. Afinal, O Deus Criador tudo pode, tudo sabe e tudo vê e, aqueles que O buscam, n'Ele confiam e n'Ele esperam, a tudo podem vencer.
Aquela mulher, antes de descer do ônibus, confidenciou-me algo que eu já sabia; ela disse-me que em nenhum momento de sua vida jamais deixou de acreditar e confiar em Deus, O Doador da vitória.