đŸ”” FĂĄbrica de sucessos e Galeria do Rock

Minha internet, atravĂ©s do YouTube, voltou a disparar propagandas. Nesse novo lote, vieram coisas muito desagradĂĄveis, como, por exemplo: videoclipes odiosos. Apesar de nĂŁo gostar das mĂșsicas, por impossibilidade de interromper a exibição, devo computar mais uma execução da faixa.

Atualmente, Ă© dessas audiĂȘncias involuntĂĄrias que se faz um sucesso. Por pior que seja a canção, pode acumular reproduçÔes acidentais. Numa saĂ­da ao banheiro, indo Ă  cozinha ou simplesmente porque ficou impossibilitado de “pular” o vĂ­deo compulsĂłrio, vocĂȘ enganosamente serĂĄ registrado como fĂŁ daquilo.

O que tambĂ©m induz ao erro, Ă© quando vocĂȘ clica num clipe para “ver com seus prĂłprios olhos” o quanto aquilo Ă© ridĂ­culo. NĂŁo importa, para a gravadora e/ou empresĂĄrio aquela atitude contarĂĄ como um “view”, e cada “view” conduz qualquer coisa ao sucesso. ParabĂ©ns, vocĂȘ Ă© um novo fĂŁ.

Uma dancinha ridícula no ‘TikTok’, uma coreografia da moda depois de um gol ou um cantor inacreditável de tão ruim estimulam muitos “views”, parecendo que temos um novo artista.

Antes, um verdadeiro artista tinha que ter mais consistĂȘncia, e quem gostava de sua mĂșsica Ă­a atĂ© a loja comprar o LP ou CD.

É nesse contexto que aparece a ‘Galeria do Rock’. MPB, mas muito rock, lá era o shopping center dos excluídos da sociedade. LP’s, CD,s, camisetas, pîsteres, acessórios e bares com cerveja barata, sujeitos mal encarados e pessoas nada amigáveis, misturados com caras simples à procura de um “lançamento” ou fazendo um “esquenta” antes de um show.

Headbangers, skinheads, punks, gĂłticos e pessoas que nĂŁo se identificavam com nenhuma tribo urbana misturavam-se a essa fauna nem sempre amistosa. Os Ășnicos aspectos comuns eram o gosto pelo rock (diferentes gĂȘneros) e o figurino preto.

Quando fui conhecer o lendário local, ainda criança, tive a impressão de estar no filme ‘Warriors — Os selvagens da noite’. Naqueles tempos isso foi meio assustador, mas a animosidade entre gangues, com o tempo, arrefeceu. Entretanto, o visual escuro permaneceu.

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A Ășltima vez que estive na ‘Galeria do Rock’ tive certeza de que ela nem sequer merecia mais o nome que a consagrou. Pelo colorido das lojas e o tipo de produto Ă  venda atrai um pĂșblico mais, digamos, “moderninho”. Por essas e outras, a galeria se tornou um shopping “descolado” e, pelo ramo e frequĂȘncia, poderia estar localizado na rua Oscar Freire.

RRRafael
Enviado por RRRafael em 25/06/2022
Reeditado em 25/06/2022
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