O NADA
Nada
Durante a aula de Literatura um estudante me perguntou se ele poderia escrever sobre nada. A sala riu, era realmente para ser uma piada, mas não foi. Da forma mais calma possível e sem rir, disse que ele poderia falar sobre o nada. A sala inteira parou!
– Como assim professora? – indagou preocupado o estudante. Perguntei para ele o que o nada significava.
– Ah! professora, o nada é nada.
Outro estudante disse que quando alguém diz que não está fazendo nada, é mentira, pois não há ninguém no planeta que não consiga não fazer nada. Uma aluna disse para a turma que o nada é o que acontece depois que morremos. Dênis, a quem eu chamo carinhosamente de “o pimentinha” disse que quando ouve a palavra nada, lembra de dinheiro, pois o bolso dele está sempre sem nada de dinheiro, mais uma vez todos rimos. Alguns consideraram o nada como uma ideia, outros como quantidade.
Ao ouvi-los, refleti sobre o conceito do nada que me apresentaram. Depois de alguns momentos, voltamos para a nossa aula, mas em mim ficou incutida a ideia do nada e sua representatividade. Perguntei ao amigo físico como ele classificava o nada, sem pensar duas vezes, disse-me que o nada era espaço vazio sem nada dentro, que o nada é a ausência da matéria. Perguntei a opinião do meu amigo pastor, ele disse que o nada somos nós sem Deus. “Deus criou o mundo do nada” e assim, sem Ele não somos nada. Para meu amigo filósofo, “o nada é a negação do conceito ser”.
O nada! Ao ouvir de cada um a representatividade do nada, cheguei a conclusão de que o NADA é tudo o que a ausência de alguma deixa: é a ausência da matéria; ausência de vida; ausência de Deus, é o negar a si mesmo. O nada é o medo, é o desejo, é a incerteza, é a falta do sentir. O nada é cinza, não tem vibração, não é colorido e lhe falta inspiração, o nada é tudo aquilo que se foi e não volta mais.