MACHADO DE ASSIS 183 ANOS

Machado de Assis (1839 – 1908)

O primeiro contato que temos com Machado, normalmente é nas escolas e na maioria das vezes, na verdade, na grande maioria das vezes, a última. Somos adolescentes e nessa idade não queremos ler o que somos obrigados. Nossa cabeça ainda está fechada e cheias de preconceitos sobre um autor ”antigo”, e assim pode ser que se torne chato.

Assim que crescemos nossas percepções crescem junto e facilmente entendemos que o que lemos no passado e achamos démodé, agora sentamos em frente à TV e firmamos a pupila na tela assistindo (e gostando) do que antes não foi tão bom.

Machado é um cronista do presente e referência atual e futura.

Sobre não gostar dos escritos ou do escritor, por parte é subjetivo, pois o também grande, Carlos Drummond de Andrade, ao começar a ler o que Machado escrevia, disse não ter gostado, ficando com o que chamamos hoje de ranço. No entanto, ao aprofundar-se mais no que lia tornou-se fã, inclusive escrevendo um livro sobre Assis, chamado Amor nenhum dispensa uma gota de ácido — Editora Três estrelas.

Neto de escravos, negro, sem acesso à educação formal, Machado percorre um caminho raro de ascensão na sociedade brasileira. Antes mesmo da abolição da escravatura, escreveu crônicas, contos, poesias, romances, matérias de jornal, peças de teatro, trabalhou em tipografia e foi funcionário público.

De sua vida pessoal sabemos da paixão pela literatura e intelectualidade, o envolvimento com a política e a cultura, o amor por Carolina, a mulher que ficou casado por quase toda a vida, depois de uma fase boêmia na juventude.

O homem que sem nunca sair do Rio de Janeiro, alcançou a popularidade que muitos artistas sonham.

“Eu gosto de catar o mínimo e o escondido, onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto”

Bruxo do Cosme, Homem Subterrâneo, Um mestre na periferia do Capitalismo, Joaquim Maria Machado de Assis, ou simplesmente Machado de Assis; Assim era conhecido, vários codinomes de um mestre das artes que nem se sabe ao certo como aprendeu a ler e escrever numa época em que mesmo entre as famílias mais ricas a educação era um privilégio. Epilético, gago e com problemas de asma e melancólico que hoje poderíamos classificar como depressivo também aprendeu a ler e escrever em francês a ponto de virar tradutor antes dos vinte anos.

Especula-se que uma senhora, esposa de um dono de uma padaria teria lhe ensinado, no entanto, não há certeza nessa informação. O certo é que com ou sem professor, ele aprendeu, mostrou que desde jovem sua vocação para com as letras, literatura, estudo e para o autodidatismo acima de tudo.

Começou a aparecer no cenário literário aos 15 anos e aos 17 já trabalhava na imprensa nacional e frequentava as altas rodas literárias.

“Há duas maneiras de abrir a cabeça de uma pessoa: Ler um bom livro ou usar um machado. Recomendo o de Assis.” Dilson de Oliveira Nunes.

O menino, filho de uma lavadeira e de um pintor de parede que se tornara jornalista, poeta, dramaturgo, escritor, romancista, presidente da Academia Brasileira de Letras e consagrado em vida é alguém que atravessou a sociedade brasileira por completo, não pode ter dependido apenas de sorte. Buscar conhecimento depende da determinação.

Esse escritor "antigo" deixou muitos ensinamentos, o principal é que se seguirmos bons conselhos e lermos bons livros, a cabeça abrirá mais facilmente. Se não for com Machado, que seja com outro bom autor.