UMA COISINHA GRANDE CHAMADA AMOR
“Paixão é ventania impetuosa, fugaz, passageira. Amor é brisa suave, terna, permanece pela vida inteira.” (Tute)
Dia desses ouvi uma pessoa amiga afirmar que, do ponto de vista neurocientífico, o ser humano pode amar verdadeiramente por até três vezes durante toda a vida — em média duas. Se, no período entre três meses e dois anos o sentimento findar, terá sido mera paixão. Estendendo-se para muito além, pode cravar que é amor, meu amigo. Lembre-se, portanto de aferir os sentimentos. Se ele aflorar com força total, mas sucumbir sem razões aparentes é apenas arrebatamento. Eu recomendo cuidado para não deixar escapar a oportunidade de ser feliz com seu amor, porque pode ser que não sejas contemplado por mais de uma vez.
Histórias de amor nos fazem, por alguns instantes, esquecer que acontecimentos ao longo da vida é por deveras efêmero, não se deixe enganar, tudo o que nos rodeia é transitório. Perceba, o início de um relacionamento romântico é muitas vezes vivido com uma paixão intensa que nos leva a acreditar ter encontrado o que chamamos por “nossa alma gêmea” e que a tal da felicidade, tanto desejada, por fim é alcançada. Todavia, com o passar dos dias, somos atingidos pela realidade e, reacender a chama da paixão é uma tarefa inglória. Para algumas pessoas a vivência amorosa pode ser histórias caóticas e, a cada tentativa e esforço para preservar uma relação, uma nova decepção atinge e afeta o seu emocional.
Conhece aquela máxima, “perdeu o bonde da história?” — para atualizar, pode ser o Uber ou o avião. Quando um sentimento emerge e descobrimos que pode ser o verdadeiro amor, é preciso compreender e, empiricamente, saber como fazer para que o sentimento seja mútuo. Por vezes, queremos tanto a pessoa que, deliberadamente, expomos em demasia o que sentimos — são os cuidados imaturos de um relacionamento cujos sentimentos são incontroláveis. Por vezes, a pessoa por quem estamos enamorados nos fere. Outras, não entendemos o que nos é ofertado pela pessoa por nós enamorada e a ferimos.
Para uma relação amadurecer é necessário ter passado por estágios. Entendo que o primeiro relacionamento deva ser encarado como um prelúdio —uma preparação — pois se trata da a etapa inicial para determinado desenrolar dos fatos até seu desfecho. Por isso, tenho em mente que, nem sempre a primeira namorada é o primeiro amor e, nem sempre o primeiro amor é a primeira namorada. Quando estamos apaixonados, não temos tempo nem discernimento para avaliar o quanto estamos envolvidos por um sentimento tão complexo que é gostar de alguém. Não como gostar de um ente querido ou de um amigo, mas algo que transcende a mais pura e sincera amizade.
No meu humilde conceito, entendo a paixão como a situação onde a pessoa é dominada por um sentimento intenso em relação à outra, venerando seu maior bem e não medindo sacrifícios. Nessa fase, idealizamos essa pessoa de acordo com nossos conceitos. Acreditamos ser amor, pois se desenvolve um sentimento incontrolável — inclusive a atração sexual, que propriamente é o princípio de todo o processo — o qual denominamos “gostar”. Idealizamos todas as qualidades da pessoa que nos atrai, passando esta a ser a pessoa amada. É preciso, porém, saber se existe reciprocidade. Em caso contrário, os defeitos tornam-se evidentes, o relacionamento declina e ocorre o rompimento, o final da paixão.
Penso que tudo é um aprendizado, sem manual de instruções ou peças de reposição. A frustração pela perda de um relacionamento está no fato de que, quando estamos apaixonados, nos sentimos felizes e nos entregamos sem limites porque desejamos fazer a pessoa amada tão feliz quanto nós. Todavia, nos iludimos ao pensar que tudo o que entregamos possa alcançar o coração da amada.
Acho isso tudo tão complicado que fui pesquisar e encontrei na internet artigo do psicólogo Robert Sternberg, que parte das Premissas da Teoria Triangular, uma ideia de que o amor é criado a partir da interação de três componentes e que é o grau que cada um possui que determina o tipo de amor que vai se experimentar. Resumi nesses três componentes, a saber:
1) Intimidade: sentimentos de proximidade, conexão e vínculo, que dão lugar à experiência do calor em um relacionamento amoroso.
2) Paixão: impulsos que dão origem ao romance e à atração física.
3) Compromisso: decisão de amar alguém e desejar manter esse amor. Esse componente inclui aqueles elementos cognitivos envolvidos na tomada de decisões sobre o compromisso a longo prazo de um relacionamento.
Ainda: “A superação da crise, amor verdadeiro e plano futuro: diz-se que essas etapas de superação e ‘tranquilidade’ no relacionamento têm uma duração de no mínimo dez anos, após o quais podem continuar nessa última fase ou reiniciar o ciclo das etapas do amor”.
Quase todos, assim como eu, somos leigos no assunto “amar” em todo o seu contexto, ou temos dificuldades em entender, mas tenho uma teoria própria sobre o amor: amor à primeira vista — amor à toda risca — amor a perder de vista e, que paixão, simplesmente passa como passam as estações — já o amor é indelével, nos deixa marcas, as eventuais feridas são curadas, mas ficam as cicatrizes.