"Same" Parte 01
Ao lado da Galeria Castelo Branco tinha um bar chamado Barão Vermelho. Cheguei lá fingindo estar apertado e pedi ao balconista para ir ao banheiro, ele deixou. Entrei, peguei minha caneta Piloto (que eu havia furtado na Papelaria São Roque) e lancei minha pichação: "Same", esse era meu "nome" de pichador. Desconfiado por causa da minha demora o balconista foi até o banheiro e me flagrou, ele tentou me segurar mas eu consegui fugir…
Em cima da papelaria São Roque (onde eu furtava canetas Piloto) tinha um prédio comercial. Eu e meus amigos Gordo e Mijão fomos lá num certo início de noite para deixar nossos "nomes" na parede da escada, já repletas de pichações…
No meio da nossa ação vândala fomos surpreendidos, o vigia do prédio estava à espreita do lado de fora, trancou o portão e subiu a escada atrás de nós, gritando com um ar de satisfação: "Peguei, peguei!". Desesperados, subimos até o último andar e ficamos esperando, até que decidimos descer, demos de cara com o vigia empunhando um chicote de bater em cavalo…
O vigia nos levou à uma sala e pediu para ver a mão do Mijão, quando o Mijão estendeu a mão o vigia deu um tapa na cara dele. Eu e o Gordo abrimos o berreiro, o vigia disse para a gente ficar quieto porque ainda não tinha nos batido. Mas logo bateu, com menos força, acho que ficou com pena…
Em seguida, o vigia chamou a zeladora e pediu a ela para trazer produtos de limpeza para nós três limparmos a parede toda da escada. Eu, com a cara ainda quente, imaginava a surra que levaria da minha mãe quando voltasse pra casa, já que eu ia demorar muito limpando…
A zeladora também ficou com pena da gente, disse ao vigia que já tinha fechado o local onde ficavam os produtos de limpeza. Após ameaças e sermões o vigia nos deixou ir, mas antes ele disse: Deus os guarde! Parecia que ele pressentiu que em breve eu precisaria da proteção de Deus…