Oração
“Concedei-me, Senhor a serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não posso modificar.
Coragem para modificar aquelas que posso e
Sabedoria para conhecer a diferença entre elas.”
(Trecho da Oração da Serenidade)
Não sou religioso, crente, teólogo, padre, sequer um católico praticante. Pelo contrário, grande parte de minha vida mantive Deus a uma distância segura de convicções materialistas, leituras científicas e principalmente, minhas fraquezas, decepções e frustrações. Com a idade (como a gente aprende com o tempo…) fui percebendo que verdades não são imutáveis e nossas crenças (ou a falta delas) oscilam de acordo com momentos, realizações, alegrias e, é claro, sofrimentos.
Mas o objetivo da crônica não é falar de mim e sim prestar uma pequena homenagem a oração, princípio básico que rege todas as religiões desse mundão, sejam elas quais forem. Quem nunca se emocionou com a Oração de São Francisco de Assis, um apelo emocionante, simples e direto em busca e em favor da humanidade?
“Senhor, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se vive para a vida eterna.”
(Oração de São Francisco de Assis)
Rezar ou orar é falar com Deus, mas também abrir o coração para nós mesmos, admitir nossos preconceitos, medos, ódios, dúvidas, paixões. É quase um estado de graça, um mantra, uma meditação, como queiram. É uma benção que temos para aliviar nossas dores internas, chorar vidas queridas perdidas, implorar por força para enfrentar obstáculos, pedir alimento, água e abrigo quando estamos sós e tristes.
“Que eu possa ser o refúgio dos seres sem refúgio.
Possa ser o protetor dos seres sem protetor.
Que eu possa ser a morada de seres sem moradia.
Possa ser o país dos seres sem país.
Que eu possa ser o amigo dos seres sem amigos.
Possa ser o apoio dos seres sem apoio.”
(prece budista de Potowa Rinchen Sal, 1027-1105)
Martinho Lutero, monge agostiniano alemão, principal nome da reforma protestante, escreveu que “muitas vezes fui levado à oração pela irresistível convicção de que este era o único lugar para onde podia ir.” Foi exatamente essa atração que me levou a rezar com fé, a conversar com Deus, a ouvir o que meu eu estava falando. A acreditar que a oração acalma, consola e dá esperanças.
Em seu artigo “Rezar funciona!”, o Rabino Shabsi Alpern ensina que “antes de tudo, a oração nos ajuda a aceitar a vontade de D’us. Mais ainda, a prece estimula o seguinte pensamento numa pessoa sincera: "Como mereço ser atendida?" Ela faz uma auto-análise que, por sua vez, gera mudanças construtivas de caráter, tornando-a mais receptiva à bondade Divina — uma bondade que está sempre emanando, mas que nem sempre o ser humano está em condições de receber. Este é o papel da oração sincera”.
“O amor é um oceano infinito,
cujos céus são apenas um floco de espuma.
Saiba que as ondas do Amor é que fazem girar a roda dos céus,
pois sem o Amor o mundo seria sem vida.”
(trecho de oração islâmica)
E é com muito amor no coração que peço licença para agradecer publicamente a Nossa Senhora por uma graça recebida. Obrigado por ouvir minhas preces, obrigado por me dar força e serenidade quando mais precisei. Essa crônica é dedicada a ela e a todos que rezam com fé, desapego e amor.