“PLEONASTICAMENTE” FALANDO...
Prof. Antônio de Oliveira
Ou culturalmente falando? Nada a ver? Mero jogo de palavras? Tudo a ver? Fico com “tudo a ver”. É como se estivéssemos acostumados a passar, de carro, por um mendigo sempre no mesmo ponto. Um dia ele deixa de aparecer e não nos damos conta. A paisagem ficara congelada num cantinho da nossa racionalidade sem compaixão.
Acostuma-se com tudo. Da parte do pedinte, pode acontecer também de ele se conformar tanto aoponto e a ponto de recusar um abrigo, sujeito a normas de higiene,e não ter vontade de trabalhar, mesmo se houver oferta. Enfim, empreendedorismo vai desde um vendedor de pipocas responsável a um grande empresário.
Estamos tão familiarizados com as injustiças que sentimos necessidade de requerer, à Justiça, “verdadeira” justiça e reforçar que o objeto da ação é “perfeitamente” legal.Tão acostumados a transgressões que escrevemos “expressamente” proibido, mesmo que a proibição não conste de norma expressa. Estacionamento expressamente proibido, seguido da ameaça: “sujeito a guincho”,em vagas sabidamente especiais,
Documento autêntico o é, por sua natureza jurídica,aquele que observa os requisitos da lei, como quando o tabelião reconhece a firma de alguém, declarando que foi aposta em sua presença. Uma testemunhaimparcial pode valermais que duas testemunhas tendenciosas, pondo em questionamento a antigafórmula “testisunus, testisnullus”: Testemunha única, testemunha nula.
Documento “perfeitamente autêntico” soa, parafraseando Nelson Rodrigues, óbvia e ululantemente autêntico. Da mesma forma, verdade verdadeira. A não ser que se queira enfatizar.Dar ênfase é arte, redundância é mera repetição.