Em memória de Alda Lara.

A poeta(poetiza) portuguesa Alda Lara, nasceu no dia 09 de Junho de 1930, e faleceu no dia 30 de Janeiro de 1962.Viveu 32 anos mas deixou uma obra maravilhosa. Em sua memória aqui fica um de seus sentidos poemas. É triste mas ninguém se lembrou dela. Talvez por ser grande demais! Conheci muito bem seu irmão Ernesto. Ao pai assisti em um discurso feito em Benguela nos idos de 1962/2???

Aqui fica em sua homenagem e que tenha o descanso merecido, descanso eterno! A glória é dela e do nosso sagrado idioma!A amada língua portuguesa.

E apesar de tudo,

ainda sou a mesma!

Livre e esguia,

filha eterna de quanta rebeldia

me sagrou.

Mãe-África!

Mãe forte da floresta e do deserto,

ainda sou,

a irmã-mulher

de tudo o que em ti vibra

puro e incerto!...

A dos coqueiros,

de cabeleiras verdes

e corpos arrojados

sobre o azul...

A do dendém

nascendo dos abraços

das palmeiras...

A do sol bom,

mordendo

o chão das Ingombotas...

A das acácias rubras,

salpicando de sangue as avenidas,

longas e floridas...

Sim!, ainda sou a mesma.

A do amor transbordando

pelos carregadores do cais

suados e confusos,

pelos bairros imundos e dormentes

(Rua 11...Rua 11...)

pelos negros meninos

de barriga inchada

e olhos fundos...

Sem dores nem alegrias,

de tronco nu e musculoso,

a raça escreve a prumo,

a força destes dias...

E eu revendo ainda

e sempre, nela,

aquela

longa historia inconseqüente...

Terra!

Minha, eternamente...

Terra das acácias,

dos dongos,

dos cólios baloiçando,

mansamente... mansamente!...

Terra!

Ainda sou a mesma!

Ainda sou

a que num canto novo,

pura e livre,

me levanto,

ao aceno do teu Povo!...

"nota minha."Terra das acácias! Assim chamada a cidade de Benguela.

Cidade das acácias rubras.

Quo Vadis
Enviado por Quo Vadis em 14/06/2022
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