Gozar da Liberdade de Cátedra!
Quando eu voltar a lecionar em universidade, no primeiro dia de aula irei perguntar se há algum assunto que pode causar mal estar, nojinho, medo, pânico, ereção (do clitóris também, claro...) etc. Se a cor da minha roupa desagrada a algum deles. Se minha voz os incomoda. Se há algum problema em eu falar muito, explicar muito a matéria e dar provas, pedir seminários etc., porque, mesmo (supondo que ali há apenas adultos) sendo a gente maior de idade, algum recalque (um sentimento reprimido na infância, adolescência ou sei lá quando) não estaria à espreita, pronto para abrir jurisprudência contra o distinto especialista em Docência Superior, Antropologia e Língua Portuguesa, uma vez que algum dos elementos supracitados (bem como tantos outros subentendidos) pode ter sido citado e desempenhar o doloroso papel de gatilho.
Ma' vem cá, Gente Fina. Faz um favor, faz? Para eu chegar a um ponto desses, Amizade, é sinal que o sistema educativo falhou feio, Irmão. Falhou gostoso – ficando fácil, fácil, botar toda a culpa na Madame Pandemia... Jesus Cristo! A Educação Básica já agoniza com os ataques de pais de bebês de 12 anos em média... É choradeira de baixo pra cima... Que saudades do Ensino Superior! Ali eu era feliz! Fazia piadas comigo mesmo, ria com a turma, íamos à lanchonete prosear, voltávamos à sala com a alma lavada de tanta conversa jogada fora... Sem nunca ter ofendido um único acadêmico!
Ah, Gente Fina! Ótimos tempos aqueles! Acadêmicos que tivessem problema comigo, me procuravam e me chamavam para a gente conversar – numa boa. Não tinha nada disso de mandar recados, falar pelas costas, querer me ensinar a lecionar. Não havia nenhum aluno problemático para eu pedir para tirarem da sala...
É, Amizade. Universidade é outra coisa. É ambiente adulto. Maduro. Sem espaço nem tempo para mesquinharias.
Universidade: ô, Saudade!
Logo mais eu tô voltando aí, viu?
De braços abertos espero vos encontrar. Vamos fazer valer esse tempo em que amarguei uma experiência como essa, de agora.
Vamos fazer valer.
Acadêmicos de Grande Cérebro e Coração: aí vou eu!