O DESAFIO DE SORRIR QUANDO A VONTADE É DE CHORAR.

  

   Exaustivo trabalho de todos os dias, cansativa labuta diária, ter que sorrir para clientes, por vezes, ignorantes, ser cortês e educado com pessoas que não refletem igual tratamento. Às vezes, para não dizer em quase todos os momentos, tenho a vontade de chutar o balde, jogar tudo para o alto, abandonar o ambiente claustrofóbico, ( para mim pelo menos ), e sumir no mapa. Porém, ainda existe lá dentro do meu ser um senso de responsabilidade, onde a análise apurada e calculista racional da situação me permite sensatez, me impedindo de fazer qualquer besteira ou de tomar decisões da qual eu venha me arrepender depois. A vida de quem lida com o público não é nada fácil, como dito inicialmente, tenho que sorrir quando a vontade é de chorar. Certa vez me disseram que o sorriso de um palhaço não é reflexo de sua alegria, mas, de seu profundo desespero; pois é bem isso que sinto, desespero contrapondo a falsa alegria que meus lábios demonstram. Na maioria das vezes, quem está do lado de fora do balcão de atendimento notará uma alegria exagerada do lado de dentro, dirão uns para os outros, como são alegres esses aí. Pois bem, não se engane, alegria em excesso é loucura. Não é que somos excessivamente contentes, mas, abismos certo de insanidade.

   Lidar com o público é um desafio, há de se entender que o atende também será atendido em algum momento, por isso, assim como o balconista quer ser atendido ele também terá que fazê-lo com a sua clientela. A empatia tem que acontecer dos dois lados, pesos diferentes desequilibra a balança, não é saudável no atendimento partes que não se entendem. O cidadão do lado de dentro do balcão tem por obrigação oferecer o melhor serviço possível, e, em contrapartida, espera-se que a pessoa atendida seja no mínimo educada, e que tenha disponibilidade de diálogo, pois é com ele que se chega ao entendimento. Em cada lugar de trabalho existem as suas regras, cada ambiente, seja qual for o balcão, açougue, padaria, frios, enfim, existem algumas regras que o funcionário tem por obrigação seguir. Agora entenda, em face de tais ordenanças, existe o código de defesa do consumidor que, na maioria das vezes, conflita com as regras daquele ambiente, e o empregador nem se dá conta disso... É nesse momento que o diálogo é fundamental, com uma boa conversa é possível corrigir certos erros sem agredir nenhuma das partes. No entanto, seria muito bom se isso acontecesse de fato em harmonia.

Eu já falei em outras crônicas do meu ambiente de trabalho, 'balcão de açougue', o que eu acabei de relatar acontece sempre, eu conheço o código de defesa do consumidor, também conheço as regras de onde eu trabalho, sei que algumas dessas regras estão em conflito com o código, por isso, busco ser a ponte entre um e outro, com bom entendimento e diálogo entre as partes para que o cliente não seja lesado em seus direitos garantidos pelo código e nem o empregador fique com raiva por eu ter retrabalhado certa regra interna. Como disse anteriormente, nem sempre esse equilíbrio é possível, existem clientes 'ignorantes', que desprezam qualquer norma, desprezam a si mesmos, não são educados e machucam o próximo, assim como empregadores inflexíveis em suas regras. Mas, tenho que lidar com todos igualmente, sendo ou não agredido. Não é fácil sorrir quando se é xingado e maltratado. Caríssimos amigos leitores, a crônica deste domingo retrata apenas uma mínima parcela do que é o meu trabalho, com tempo, escreverei um pouco mais sobre o assunto.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 12/06/2022
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