⚫️ Emojis ou emoticons
Não, ninguém deve ficar contente ou triste, ou melhor, dotado de ataraxia, não deve reagir ao receber o aparentemente inofensivo “emoji” Os emojis tem a nobre função de simplificar um pensamento. Com uma, quase infantil, imagem, o emissor exerce seu poder de concisão, desde a ofensa até o elogio.
O emoji do cocô, ao qual me refiro, cumpre esta função, mas vai além; ofende, carregando o eufemismo patente ao exibir olhos e boca amigáveis. Quem envia a figura revela, ao mesmo tempo, covardia de enfiar a mão na cara e a intenção de rejeitar a pessoa ou o que ela diz.
Às vezes, a pessoa não tem o menor traquejo para zombar de outro ser vivo. Porém, essa criatura, que sempre foi vista como alguém incapaz de pisar numa formiguinha, destrói uma vida apenas com um desenho simples.
Seja para depreciação, seja para elogio, o envio da figurinha resolve dois problemas: o primeiro, dá coragem para ofender qualquer um e segurança, ao evitar o tapa imediato; o segundo, também traz a súbita coragem, entretanto, impossibilita um rápido “feedback”.
Em tempos de Rivotril, Dormonid, Diazepan e demais remédios “tarja preta”, bem como os tratamentos infantis, tentam aplacar o estrago que um emoji pode causar.
Entretanto, existe a ‘carinha feliz’ para salvar tudo. Esta outra figurinha traz consigo o poder de salvar o dia ou a vida de uma pessoa. Se “like” ou “deslike” tem o poder de liberar neurotransmissores responsáveis pelo prazer, os emojis “do bem”, dependendo de quem envia, exercem um resultado muito mais satisfatório.
A existência era mais simples com os emoticons. Bastavam alguns caracteres para gritar para o mundo o seu estado de espírito: alegre :-) e triste :-( . Havia outras modalidades, mas essas, apesar da tosquice extrema, não elevavam a baixa autoestima de ninguém.
Esta filosofia de boteco é um exercício sobre algo não levado a sério, até ignorado, mas que revela muito da alma humana. Muito parecido com o que já representaram os ‘bichinhos virtuais’ (Tamagochi) e os ‘caçadores de Pokemons’