VAIDOSOS SOMOS NÓS

A vaidade humana é o nosso ponto mais vulnerável, mais crível. Ela desnuda, desarma e nos leva a fazer certas concessões e aberrações abomináveis. Vaidade entorpece, ludibria, dissimula, descompassa. Ao romperem nossas veias, destruímos raízes, confundimos destinos, desfiamos chãos. É o mal ao qual todos nos sujeitamos, alguns no mais alto quilate. Muitos fazem uso dela pra manipular, instigar e despejar impulsos subliminares. Vaidade leva à condenação sem direito à defesa. Suas garras são mais incisivas e letais do que qualquer outro propósito. Os mais puros e intocados quando são alvejados na sua vaidade deflagram o lado nefasto que vivia enclausurado por todo tempo, trancafiado nas masmorras da alma e aparentemente inócuo, feito placebo eterno. Enquanto perdurar um fiapo de vaidade na cepa humana, nós nunca deixaremos de aflorar as manadas de fragilidade que sempre ocuparam as nossas fronteiras, os nossos faróis, a nossa mata mais cerrada, sem darem sempre o ar da sua graça.