Nossa vida tem nossa cara
Trabalho no Fórum de baté, interior de São Paulo e adoro tomar um pingado na padaria que fica ao lado. No começo ia porque a comida tinha boa fama. Mas a minha paciência é extremamente curta para coisas medíocres, se não atende as minhas expectativas, não volto.
Mas ali a coisa é diferente, é intrigante, na verdade. E por isso continuei indo, virei freguês. A Padaria da Regina, uma senhora com a qual troquei poucas palavras, na verdade, tem me intrigado pelo número de funcionários que lá tem e todos com o mesmo perfil. Mas isso não seria óbvio? Nem tanto quanto possa parecer. Pelo menos minha experiência diz que não.
Mas enfim, hoje, depois que sai do trabalho fui lá tomar meu pingado e penso que matei a charada. Tinha uma funcionária nova, mas que parecia que trabalhava ali há muito tempo. Ela já fazia parte daquele lugar, estava evidente isso, pela sintonia, que era notória.
Conclusão, dona Regina e sua família, ali é uma empresa familiar, sabem contratar e treinar as funcionárias para que trabalhem exatamente do jeito que devem trabalhar para o bom andamento daquela padaria. Provavelmente não apenas dizem como tem que ser, mas dão exemplos e promovem motivação. Deixam o ambiente agradável para os funcionários para que eles, de forma natural, transmitiam isso aos clientes. O resultado é um sucesso total, o lugar vive cheio. E eu adoro passar um tempinho lá.
Nossa vida tem a nossa cara, esse é um fato incontestável pela experiência. E que a maioria de nós tem imensa dificuldade em aceitar. Quando achamos que a vida está boa, atribuímos o resultado a nossa habilidade. Quando não está como gostaríamos, atribuímos a tudo que esteja fora de nós. E o resultado é que não podemos mudar aquilo pelo que não assumimos responsabilidade.
A nossa vida é o nosso maior empreendimento. Somos os gestores dessa empresa e o sucesso dela depende, em grande parte, de nós desenvolvermos a nossa habilidade de liderança. Liderar, aliás, segundo James C. Hunter, autor do livro “O Monge e o Executivo”, liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum.
E a felicidade é o bem comum mais desejado e talvez menos compreendido que temos buscado. A felicidade, não confundamos com euforia e nem com ausência de obstáculos, depende de assumirmos e gerenciamos a nossa vida com o comprometimento de um gestor de uma multinacional de sucesso. E a leveza de quem sabe que, sem contradita, existem inúmeras coisas na vida que não dependem de nós.
Esse estado da alma, a felicidade, não é um presente, é uma construção. Leva tempo e requer algumas vezes a ousadia de recomeçar, de mudar de direção. Mas se não é um presente, com certeza é uma premiação dos que se arriscam, dos que ousam jamais desistir. Mas que não se recebe apenas no final da jornada, e sim, para aqueles que tem olhos de ver, durante toda ela toda.