Em Cima do Muro? Eu, Hein!

 

Recebi de um leitor, ipsis litteris, no blogue http://valdinar.zip.net, o seguinte comentário à crônica “Macaxeira ensoada, ovo encruado”, publicada nos meus blogues: 

 

Dr. Valdinar, por favor, desça do alto de sua sapiencia, e dê, a nós, mortais comuns, a sua opinião sobre os Prefeitos, anterior e atual, bem como, o que vê e ouve nessas sessões da CMM. Ou melhor, não continue em cima do muro. Haja visto, em seu Blog, o professamento de seu amor incondicional por esta terra que tão bem o acolheu. Em 10.01.10, Marabá-PA.

 

 Embora reconheça que o leitor está me gozando, quando fala em sapiência e mortais comuns, e sendo injusto, quando diz que estou em cima do muro, sinceramente sou muito grato a ele: pelo comentário, que serviu de assunto para uma crônica, embora uma crônica muito simples e, talvez, sem graça, e principalmente por ler meu blogue. Meus leitores têm para mim valor inestimável. Gostaria mesmo de homenageá-lo, citando-lhe o nome nesta crônica, mas deixo de fazê-lo, com o receio de, em vez de um giro, fazer um jirau. Ou seja, fiquei com medo de, querendo agradá-lo, desagradar.

 

 Eis, contudo, nos parágrafos seguintes, a resposta que lhe dei: 

 

Muito obrigado por ler meu blogue! Espero que este comentário, que é o primeiro, não seja o último. Preciso, contudo, fazer-lhe duas correções. Primeira: Sou filho de Marabá; quando nasci, São Domingos do Araguaia pertencia a Marabá, juntamente com São João do Araguaia, novamente emancipado em 1961. Segunda: Nunca estive em cima do muro, posição que talvez seja a sua. Se todos pensassem e agissem como eu, Marabá não teria em postos importantes determinadas pessoas que tem. Tenho só um voto; minha influência como eleitor é igual à sua. No mais, entrei na Câmara Municipal por concurso público, classificado em primeiro lugar e, conquanto meu cargo jurídico seja em comissão, dou parecer nos processos sem me preocupar em agradar ou desagradar ao Prefeito ou a qualquer um dos Vereadores. Agora, se os Vereadores, às vezes, não seguem os pareceres jurídicos, paciência! Fiz o que posso fazer.

 

 Meu blogue não é jornalístico; pretende ser literário, posto que não seja. Mesmo assim, minhas crônicas são críticas. Basta lê-las com a devida atenção. Os Prefeitos - tanto os anteriores, quanto o atual - não têm sido bons administradores, conquanto tenham em comum o que eu mais detesto em qualquer pessoa: a arrogância. Os Vereadores também deixam a desejar (e muito!), principalmente porque não discutem os projetos de lei como deveriam discutir nem fiscalizam o Poder Executivo como deveriam fiscalizar. Mas eu sempre disse isso a eles mesmos. Logo, fiz mais uma vez, o que posso fazer. Muito obrigado e volte quando quiser. Abraço!

 

De fato, não sei por que o leitor disse isso, mas as minhas crônicas são críticas. Em quase todas elas, se não em todas, há sempre uma crítica, notadamente contra o Estado: ora ao Poder Judiciário, ora ao Poder Executivo, ora ao Poder Legislativo, ora ao povo, pois este tal de povo, como um dos elementos que formam o Estado, também não é flor que se cheire. Procuro, contudo, criticar sem ser deselegante, embora até exista quem me ache deselegante. É normal. Quem consegue agradar a todos? Ninguém, lógico!

 

 Um dia desses, aliás, fiquei muito lisonjeado quando uma colega advogada (que, por sinal, foi minha professora de Direito Penal) me disse: “Gosto muito dos artigos que você escreve no jornal e leio todos. Você escreve muito bem! E, para mim, o mais importante é que você é muito crítico, sem ser deselegante. Parabéns!” Puxa vida, ouvir isso de uma leitora é o máximo! E quando essa leitora é uma ex-professora, vale dobrado. Ganhei o dia!