Idosos maravilhosos
O primeiro é o meu pai querido (in memoriam)
Papai sempre foi exemplo de vida, me ensinou quase tudo.
Quando eu era criança me ensinou várias coisas e me apresentou para a natureza e as belezas da vida.
Lembro dele me mostrando como se descascava uma mexerica, eu tinha 05 anos e fiquei encantada. Depois eu quis que ele descascasse a laranja igual. Lembro de uma bronca depois de uma pirraça minha, porque a laranja não ficou igual a mexerica não ficou igual. (risos)
Meu primeiro sorvete de casquinha, tomamos juntos, só eu e ele, sentados num ponto de ônibus, depois de tomarmos o único sorvete, ele pegou a sua bicicleta e fomos para casa felizes. Até hoje, sou apaixonada por sorvetes.
Quando meus pais se separaram, eu e meus irmãos, três meninos mais novos do que eu, ficamos com ele. Ele me ensinou a cozinhar para ajudá-lo. As vezes era divertido, outras nem tanto.
Meu pai me ensinou o amor e temor a Deus. Oramos muitas vezes juntos. Eu confiava nele e o amava.
Quando já idoso, perdeu a visão devido a diabetes. Eu era a enfermeira dele, ele dizia sorrindo. Pensa num sorriso lindo e contagiante.
Um dia eu fui aplicar insulina nele e ele me disse: Suely, eu estava pensando, não quero mais tomar insulina.
Eu respondi: Tudo bem pai, vou levar o senhor no médico, e ai o senhor fala para ele que não quer mais tomar a insulina.
Ele: Eu que decido, não quero e pronto, não vou tomar mais, ou você diminui a dosagem.
Eu: Não é assim, não. Se o senhor falecer por falta de medicação e ou dosagem errada, eu que sou sua cuidadora vou presa.
Ele: Eu que quis, você não vai presa.
Eu: Mas o senhor vai está no céu seu Geraldo, ninguém vai acreditar em mim, vou presa sim.
Ele começou com um sorriso sem graça e depois gargalhou, acho que me imaginando indo presa.
No dia seguinte, quando fui novamente aplicar a insulina, ele me disse:
_ Suely, olha bem a dosagem, não quero filha minha presa.
Agora gargalhamos juntos.
Eu pedi a Deus para meu pai falecer num hospital, com todo tipo de recursos possíveis, quando chegasse a hora dele.
Deus ouviu minha prece.
Depois de muito sofrer, com um AVC, ele faleceu, na companhia do meu esposo, que revezava turnos comigo no hospital.
Papai partiu dormindo, sem alaridos foi se encontrar com o criador.
Saudades eternas!