Crônica de maio
Maio
Hoje não tive coragem de levantar às 6 horas da manhã, como faço diariamente. O frio de não sei quantos graus e a tal da sensação térmica que também não sei de quantos graus, adentrava por baixo dos cobertores fazendo aumentar a preguiça.
O frio me trouxe recordações da minha juventude. Volto lá nos anos sessenta, praça da Igreja do Senhor Bom Jesus. Mês de maio, dedicado à Nossa Senhora, com festas diárias. Tinha a coroação de Nossa Senhora após as missas vespertinas e em seguida as barraquinhas na praça. Percorríamos cada barraca em busca de ganhar alguns prêmios que, na verdade, não eram lá “grandes prêmios”. Bichinhos de pelúcia, garrafa de vinho ou refrigerante, maço de cigarros, brinquedos. Cada barraca tinha as suas características: das argolas, do coelhinho, do tiro ao alvo. Havia também, carrinho de pipoca, algodão-doce. Além das barracas de comida e bebidas. Canjica e quentão faziam sucesso!
Eu gostava de praticar tiro ao alvo, com aquelas espingardas de pressão com chumbinhos, ou as de rolha para derrubar maços de cigarro ou bichinhos de pelúcia e outras bugigangas que colocavam nos tabuleiros.
O mais interessante era o oferecimento de músicas no serviço de som de alto-falantes da Igreja. Pagávamos uma taxa por cada pedido e dedicava um sucesso romântico para a “mocinha loira, dos olhos verdes, de blusa vermelha e saia preta, ofertada com muito amor e carinho pelo rapaz moreno claro, de camisa azul escura e calça Lee desbotada, que está tentando a sorte na barraca de “Tiro ao Alvo”.
Mas bom mesmo era passear de mãos dadas com a namorada. Bons e inocentes tempos aqueles!