Encontro do acaso - parte 1

Era um dia comum de outono, chuvoso, céu nublado e trazendo à tona sentimentos melancólicos, e, nesse clima todo, lá estava Júlia, mais um dia trabalhando na cafeteria, atendendo a cada cliente com um sorriso no rosto sem poder reclamar ou contestar algo a seu chefe, ainda que o cliente estivesse mal humorado, fosse grosso, ainda assim, ela deveria sempre manter o sorriso no rosto, precisava do emprego, era a irmã mais velha, morava com mais três irmãos e precisava ajudá-los.

- Olá! – disse o cliente ao passar pela porta. Júlia prontamente respondeu ao cliente e foi atendê-lo, no entanto, dessa vez, ela reparou no cliente, era belo, sua pele morena, seus olhos eram castanhos, seu cabelo era preto com vários cachos grandes, nada surpreendente, porém, aqueles olhos profundos aparentavam ser tão gentis ao ponto de fazê-la suspirar rapidamente, sem que o cliente pudesse perceber.

Por sua vez, curiosamente, ao passar pela porta da cafeteria, André sorriu ao ver de longe aquela funcionária toda desengonçada vindo em sua direção com passos apressados, antes de chegar, ainda esbarrou na mesa de outro cliente, assim que ela chegou, ele por sua vez, conteve o riso e a cumprimentou brevemente e fez o seu pedido.

Já na mesa, André, tomando seu café expresso e analisando os arquivos que deveria enviar para a reunião de amanhã, distraiu-se por um momento, observando aquela moça de aparência comum, pela clara, cabelo e olhos castanhos, uniforme todo desarrumado devido a correria que o

trabalho exige.

Foi então que por uma fração de segundo, aquele cliente percebeu que aquela moça havia despertado seu interesse, e assim como havia acontecido com ele, também havia acontecido com ela, Júlia percebeu os olhares de André de tempos em tempos a observando, começou a se perguntar se isso era interesse ou era apenas uma coincidência.

Naquele momento, em que Júlia se pegou pensando na situação, André começa a andar em sua direção, e ela sente, seu coração disparar, e ele reunindo toda sua coragem diz a ela: - Obrigada pelo seu atendimento, até uma próxima vez! – e sai a passos largos do estabelecimento. Júlia suspira decepcionada, tinha certeza de que o cliente pediria seu número, pensou consigo mesma que não foi dessa vez, e que uma história de romance clichê como essa jamais aconteceria em sua vida.

Já no lado de fora da cafeteria, André solta um: Que droga! – ele não foi capaz de perguntar a moça da cafeteria se por acaso um dia desses eles poderiam sair, sendo assim, segue seu caminho, mais um dia de trabalho vencido, mais uma tentativa frustrada de chamar uma mulher para sair, e assim, a vida segue, talvez encontros do acaso, não estejam de fato destinados a se tornarem algo real.