INTERPRETAÇÕES E OBSERVAÇÕES

 

 Por vezes, interpretamos como crítica algo que foi apenas uma observação e vice-versa. As interpretações que conferimos às coisas dependem de nossos próprios conteúdos internos, experiências, emoções e pontos de vista. Os outros, que inclusive muitas vezes nunca vimos e não conhecemos direito, pelo menos a priori, não nos devem nada e todos têm suas próprias opiniões, vidas e problemas. Quanto mais sensíveis somos, mais tendemos a nos impactar com interpretações de palavras, fatos e atitudes.

 

 Mas são interpretações nossas, entre expectativas que idealizamos, o outro não tem como adivinhá-las e não tem obrigação de atendê-las, sobretudo em contextos digitais com pessoas não conhecemos a fundo. Nossa sensibilidade é fundamental e magnífica, mas precisamos ter cautela com o modo pelo qual interpretamos os vários contextos da comunicação humana. Essa simples observação pode trazer um pouco mais de leveza e paciência às relações humanas, com humildade, respeito e tranquilidade, ainda que em tempos de interações virtuais.

 

 

 Nesses tempos de comunicação digital, às vezes lemos frases com tons de voz que vêm de nossa própria mente e não do outro, o que tende a ser curioso e irônico em muitas circunstâncias. Vejo, em certas ocasiões, algumas pessoas lendo mensagens de whatsapp em tons furiosos, que elas mesmas deram, e acho engraçado, por um lado, e curioso, de outro. Os tons de vozes que damos ao ler mensagens são nossas interpretações. O mundo é complexo e cada pessoa tem seu próprio mundo, seus dilemas, seus pontos de vista, seus afazeres e suas próprias interpretações dinâmicas.

 

 Por isso, comunicar-se tende a ser muito cansativo nesses tempos atuais, requerendo muita paciência, diplomacia e tato. Ninguém nos deve atenção infinita e concordância plena, sobretudo pessoas que não conhecemos, ainda que nossa carência queira demandar infinitamente dos outros coisas que eles não têm obrigação de fornecer e muitas vezes também não podem, porque possuem seus próprios desafios, sofrimentos, problemas, anseios, trabalhos, ocupações e tarefas.

 

 

 O mundo online nunca cessa suas demandas e interações. É preciso fazer, às vezes, um bom detox digital. Estamos sempre apressados e cada nova solicitação tira mais tempo de nós mesmos, num ciclo contínuo e viciante de interações virtuais. Precisamos, portanto, ter discernimento e parar também de demandar dos outros atividades, atenção e coisas que eles não nos devem. Todos têm seus problemas, vidas com muitos detalhes e pouco tempo para várias demandas, entre trabalho, tarefas familiares e domésticas, celulares, redes sociais e indivíduos requerendo atenção exaustiva e sem fim.

 

 

 A arte de se comunicar, portanto, requer essa compreensão mais ampla e, ao mesmo tempo, bastante simples. Muitas comunicações humanas, sobretudo nesses rápidos tempos digitais, tendem a apresentar muitas distorções, equívocos e precipitações de todos os lados, como podemos observar em muitas interações cotidianas. Parece que todos falam ao mesmo tempo e poucos querem escutar ou compreender com calma, empatia, cuidado e solidariedade, entre as várias ferramentas tecnológicas atuais. Enfim, precisamos aprender a utilizá-las construtivamente nesse mundo tão célere, complexo e dinâmico.

 

Fonte das imagens: https://canaltech.com.br/seguranca/5-tendencias-que-unem-seguranca-e-mobilidade-71939/

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