A ILUSÃO DO MELHOR.
Trabalho, casa, descanso. É sempre nessa ordem, durante seis dias, período da tarde, das treze horas às vinte e duas e trinta. Uma folga por semana, na terça, a cada dois domingos trabalhados um de folga. Balcão de açougue é isso, cortar, arrumar, preparar, limpar, atender, e por aí vai. Parece fácil, interessante, até gostoso de se fazer, mas não é. O salário não é ruim, a empresa ( parece ) ótima, oferece alguns benefícios, ( por enquanto ) mantém bom plano de saúde, porém, o gerenciamento de todo o conjunto que isso representa é falho, não deveria de ser pelo nome que a empresa carrega, pelo contrário, antes de trabalhar ali imaginei que seria o exemplo de gestão e benefícios, pelo menos foi o que falavam, mas... Enfim, teve a ilusão de ser melhor em comparação ao antigo balcão de açougue.
A minha rotina é simples, eu acordo cedo, às seis da manhã, a minha esposa também. São os compromissos impondo o ritmo, como a nossa filha estuda no período da manhã, esse é o horário que temos que deixar o melhor do sono e preparar o café dela, passar o uniforme, levá-la a escola. Dividimos a tarefa, o café e o lanche dela fica por conta da esposa, eu, me encarrego de passar o uniforme e de acompanhá-la até o portão da escola, que fica a cinco minutos de casa. Depois que retorno, dormimos um pouco mais, eu, precisamente até às oito e trinta, às vezes nove, para então dar cabo da outra parcela da rotina. Depois de levantar da pequena extensão do sono, após tomar o meu café, sigo com a ajuda nos afazeres domésticos até o horário de sair para o trabalho, que é exatamente às doze e quarenta, tenho que entrar às três em ponto, portanto, o meu local de trabalho é perto. O tempo que tenho em casa disponível até o horário de sair é curto, pode parecer que não, pois digo que é como uma sombra que passa e nem percebo, se durante o café eu me distrair nas redes sociais, complica todo o resto.
Já no local de trabalho, coloco o uniforme, pego minha luva de aço, touca branca na cabeça, e vou para o relógio de ponto registrar a entrada. No local de trabalho, cumprimento os colegas do turno da manhã, três ou quatro dependendo do dia. Eu e mais dois entramos, ou somente mais um comigo, também vai depender do dia, rendemos os amigos para o almoço. Temos exatamente duas horas até eles retornarem. Nessas apertadas duas horas, temos que dar conta de repor todo o balcão, que é enorme por sinal, controlar o fluxo de atendimento, fazer produção de bandejas, quando possível, limpar a bagunça deixada por eles, e alguns outros afazeres. Duas horas depois eles retornam e nós saímos para o intervalo também de duas horas. Quando voltamos, eles que entraram às seis e sete e meia, vão embora lá pelas dezessete e trinta da tarde e ou dezoito. Nós seguimos o curso do turno até o fechamento. E novamente toda a sistemática da rotina se repete. Repor o balcão, fluxo de atendimento, que é sempre maior da tarde para noite. Ou seja, é muito trabalho para poucos funcionários, seria necessário mais dois em cada turno para ficar em equilíbrio, no mínimo, mas, como eu disse no início. Problemas de gestão e falta de vontade dos mandatários maiores.
Por isso as minhas rotinas não divergem muito, é a mesma coisa de todos os dias, com picos frequentes para pioras. Basicamente é isso amigo leitor. Nas próximas crônicas relatarei pormenores do dia a dia em si, os desafios que enfrento na minha interminável e exaustiva labuta diária.