Não se tome a parte pelo todo
Costuma-se tomar a parte pelo todo.
Como se o veiculado no noticiário pudesse representar a unanimidade. Mas não é assim.
Notícia boa não vende jornal.
Há atos recrimináveis praticados em todos os setores da sociedade.
Os policiais pertencem a uma organização, submetida à rígida disciplina.
Ganham pouco, o que os coloca entre a classe dominada.
Moram lado a lado.
É raríssimo filha de classe média matar seus pais, pela herança.
Quando acontece, o caso repercute na memória das pessoas, por anos a fio.
Pagará ela além do que o que cometeu o mesmo crime, na favela: com a sua imagem.
A polícia paga, com a sua imagem, pelos atos divulgados na mídia, praticados por alguns de seus elementos.
O fato de um caso ser divulgado na imprensa não tem o sentido de regra, mas de exceção, caso contrário, não teria notoriedade.
Não vai a público o regular, o normal, mas aquilo que foge ao padrão aceitável.
Não vai a público a briga de comadre.
Não vai a público o sujeito pobre que baleou o colega de bar.
Não vão a público as misérias da vida cotidiana.
Se os parlamentares do Japão se pegarem de tapa, será notícia no mundo inteiro.
Se um chefe de Estado cometer uma gafe, no dia seguinte, estará estampada em todos os jornais.
Porque o que é interessante veicular são as exceções de quem está em evidência.
Se o sujeito é pobre, não interessa o que lhe passa, a não ser que ele represente a força, o poder.
Ainda que seja ele apenas uma peça.
Peça defeituosa.
Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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