Papel em Branco

Hoje, como tantos outros dias me peguei pensando em você, servi uma dose de whisky com três pedras de gelo, do jeito que você gosta. Ahh, o whisky, quantas doses de amor já nos embriagamos, hein!? O meu coração estava em silêncio, mas ainda assim, eu podia escutar caleidoscópio, sim eu sei, é a sua canção preferida, e quantas vezes você me disse: “Não é preciso apagar a luz, eu fecho os olhos e tudo vem”. Desta vez não veio, meu bem!

E como tantas vezes eu pensei em escrever algo, te eternizar nas minhas palavras sempre foi o que fiz de melhor, e você sabe disso. Fumei o primeiro cigarro com o papel em branco. Tua imagem nevoada nos meus pensamentos, talvez as lágrimas me impedissem de enxergar, mas me dei conta de que eu estava sorrindo.

Fumei o segundo cigarro e o papel continuava em branco, onde está você? Nos meus pensamentos você estava cada vez mais distante, eu já não ouvia mais a tua voz, teu sorriso se apagava gradativamente... E eu, desesperada correndo atrás de ti, tentando alcançar o pouco do teu brilho que ainda reluzia em mim.

Fumei o terceiro cigarro, foi quando percebi que daqui para a frente o papel permanecerá em branco. Não há mais o que escrever, já esgotei todas as palavras. Você está se apagando do meu pensamento, e eu estou aprendendo a viver sem te buscar em todos os lugares, em todas as pessoas.

Então, hoje, pela primeira vez eu não escrevi sobre você, pois não consegui te enxergar como antes. Sinto que ainda te amo, mas desculpe, hoje, o papel ficou em branco.