TIMONEIRO

Francisco, um loirinho de três anos, está sempre com seus pais no restaurante Timoneiro, situado na Praia da Costa, em Vila Velha.

O garotinho se sente em casa, mas, também, o restaurante é dele, né?

Certo dia, Quico fez tanta arte, mas tanta arte, que Leninha o colocou de castigo no lugar de sempre, em cima do freezer horizontal, e voltou para trabalhar.

Passado uns minutos, o guri pediu a um garçom, que estava passando:

-Pede a minha mamãe pa vim cá.

-Está bom. Vou pedir.

-De jeito nenhum! Ele precisa pensar nas coisas feias que fez! Se continuar dessa maneira, correndo por entre as mesas e mexendo com todo mundo, ele vai acabar espantando a nossa clientela!

Daí a pouco...

-Ei! Fala cum a mamãe pa vim cá, que eu vô pedi descupa ela!

-Nananinanão! Deixe-o lá, durante um bom tempo! Quem sabe ele muda o seu comportamento! Deus me livre! Esse menino parece um corisco! Ninguém tem sossego neste restaurante, nem para trabalhar e nem para comer!

Mais uns minutinhos e...

-Chama a mamãe pa mim, oras!

-Não precisa ficar com peninha do Francisco! Ele vai ter que ficar quietinho, lá na cozinha! Esquece dele! Olha a tranqüilidade que está reinando aqui, no salão!

Quando passou o quarto garçom, a criança desabafou:

-Ei! Pela aí! Fala cum a minha mãe pa mudá eu de lugá, que eu num guento mais essa catinga de bacalhau, no meu naliz, viu?