Na sombra fria da varanda, vi um chapéu aveludado em tons marrons degradê. O piso que lembra um tracejado, levou-me, suavemente, para um rosto emblemático que, esconde bem discretamente, as facetas de um escritor que ao dar vida às letras - certamente ele tem uma varinha de condão que transforma o mundo em lugar seguro para assentar sentimentos de forma sublime - transporta algodão em nuvens de pensamento que, ao fluir naturalmente - parece que escrever pra ele é tato fértil - modifica a nossa noção de tempo, espaço e direção. Quem o lê viaja em seus mundos...
Uma bússola ambulante que sobrepondo as direções cardeais em ponteiros, vão dando conta de um universo inteiro, visto a olho nu, mas reverberado de modo único - como se o singular em si, o qualificasse - numa música romântica de uma alma silente, mas de rompante.
Quem escreve dedilhando os sentidos, revigora o coração titubeante, e traz calmaria, num relento ativo que acoberta a esperança.
E juntos ao coração e à esperança, vão se dissipando os dias, em olhares sensíveis estabelecidos na íris.
Não tem papel de pão que carregue mais história do que os que tocou sua mão. Não tem menino com bola e cachorrinho que não se perca num caminho. Não tem margem de rio, nem "véio" que passe despercebido em eu sinal sonoro sentido no pulso: será que nele cabe milhões?
E por falar em milhões, nem os quantos fossem possíveis, pagariam a beleza de sua escrita solta, livre, entoada de modo terno, belamente externada em prosas e crônicas, tão líricas a ponto de sobrecarregar o rio do nosso canal lacrimal.
Bonita é essa roupa chique que veste em bailarinas ortográficas. E em grupos, de ponteira, rodopiam harmoniosamente, como se sincronia lhe fosse habitual, certeira.
A leveza dos passos dados com a curvatura culta de quem reverência à língua e a postura de quem nunca se perdeu dela - a regra gramatical.
E nessa simbologia perfeita, o grande Deus o enxergou, sob o seu olhar, anjos são destacados, surgindo os clássicos que validam o seu talento.
Ah, Chicco Árboles, se soubesses quanto anseio provocas, desceria logo dessa montanha... E veria, bem do meio de nós, os que suspiram com seu enredo sofrido e mandaria guardar a sete chaves, o nosso segredo:
- Não falamos do Chicco. Não enquanto a escrivaninha está fria por causa das folhas caídas e dias passados. Porque pra ascender à alma, o pavio precisa de movimento e fogo.
Ah, Chicco. Se soubesses, voltaria pro ninho enquanto esperam outros passarinhos...
Se sobesses, Chicco...Viria voando...