EU EMPRESÁRIO E EMPRESA
Prof. Antônio de Oliveira
Restringindo-nos à nossa língua, o Português, digamos que ela se presta a malabarismos, a tal ponto que nos tornamos, inteiros, da cabeça aos pés, literalmente, propagandistas de diversos produtos. Jogador de futebol, então, se apresenta com a respectiva marca de cada patrocinador. Logotipos de todos os tipos. Vários deles tornados conhecidos e familiares aos povos no mundo inteiro. Letras falantes correndo mundo atrás de uma bola. “Eu Etiqueta” é descrito em detalhes nesse poema de Carlos Drummond de Andrade, “desde a cabeça ao bico dos sapatos”. Torno-me “um homem anúncio itinerante”.
Papa Francisco ter-nos-ia identificado com uma empresa. Mais: como a maior empresa. Só você pode evitar que ela vá ladeira abaixo. Aqui insiro a imagem do timoneiro. Somos timoneiros de nós mesmos. Detemos o governo de nós mesmos, pelo menos até certo ponto. “E la nave va...” Se não, quem o faria no lugar do adulto considerado normal? Navegar é preciso. “Navigare necesse est; vivere non est necesse.” Navegar é preciso, viver não é preciso. Essa frase, segundo Plutarco, em tom de exortação, dirigira-a Pompeu a seus marinheiros que se recusavam a embarcar de volta a Roma por causa do mau tempo
Chavões, superlativo de chave, criam pensamentos que nos façam felizes.
Sua eficácia varia de caso a caso. Ser feliz não é apenas se sentir feliz com os aplausos, mas ser feliz no anonimato. Ser feliz, reforça Francisco, é uma conquista para quem consegue viajar dentro de si. Ser feliz é deixar de se sentir vítima dos problemas e tornar-se autor, autora de sua história. É ter coragem de dizer: "desculpe-me". Significa ter a sensibilidade de dizer: "Preciso de você", a capacidade de declarar "eu te amo". Abrir janelas de inteligência e tolerância. Desistir? Jamais. Antológica a crônica de Pedro Bloch: “Receita de viver”. Finalmente, canta o novel membro da ABL: “Andar com fé eu vou que a fé não me deixar faiá”.