UM BANCO EM MEU CAMINHO.
Essa semana ao passar na Rua Idalino de Oliveira, em frente ao prédio de número 106, o coração disparou de saudade. Aquele prédio lá, hoje servindo a Secretaria Municipal, me abrigou profissionalmente durante onze anos. A mim e inúmeros, hoje, homens públicos da nossa cidade.
Ali labutamos arduamente na tarefa de atender bem a clientela que freqüentava a agencia bancária do hoje extinto Banorte. Rapazes e moças que se desdobravam em múltiplas funções, para produzirem conforto em bem receber, com a capacidade de saberem, com maestria, como oferecer os produtos e serviços ofertados pelo estabelecimento bancário local.
Tempos onde quase tudo era manual – diferentemente de hoje que é tudo automatizado, on-line, globalizado – e uma pequena transferência de dinheiro de uma conta para outra, em outra agência, demorava mais de um dia. A contabilidade se fazia manualmente, datilografando os recibos de créditos e débitos – para serem autenticados em máquinas apenas elétricas ou de manivela. A compensação era um sufoco, devido o volume de cheques a ser compensados e as transações de empréstimos levavam meio dia para ser batidos em toda sua papelada.
As filas nos caixas eram enormes. No início éramos quatorze caixas e, mesmo assim, ficava difícil dar conta de tantos papéis para autenticar. Nessa época se autenticava de tudo, também pudera, não existia caixa eletrônico, nem loterias para esvaziar o fluxo diário nas agências. E tinha pagamento de prefeitura, comércio, INSS, indústrias, o que demandava tempo, pois tudo era feito “na boca do caixa”.
Entretanto, não era só sufoco. Havia os momentos de diversão e esses se davam em forma de final de ano quando nós nos reuníamos e passávamos um dia inteiro nos confraternizando, esquecendo da labuta pesada de mais um ano. Era só alegria.
E quando a informática chegou a nossa cidade, o primeiro banco a usar a nova tecnologia, foi o nosso. No início foi um sufoco danado. Em compensação, facilitou muito o nosso dia-a-dia. E também facilitou a dispensa de muitos colegas. Já não se fazia mais necessário tantos funcionários. Era a modernidade desempregando. Ficamos em apenas cinco caixas. O restante foi procurar novos destinos. Encontraram.
Também tivemos momentos desagradáveis e perigosos. Fomos à segunda agência em todo o Brasil a ser assaltada, onde o assaltante fez reféns. Depois virou moda. Um dia de cão. De humilhação. Ver colegas a beira do desespero, chorando, em estado de choque, sendo preciso um esforço muito grande dos que tinham mais controle para não os verem tomando uma decisão trágica e sofrerem as conseqüências dos atos ali mesmo; pegando seus braços, segurando-os, torcendo para que não fosse visto – por ele, o assaltante – o terror em seus rostos, enfim, se ver na mão de um desequilibrado que atirava a esmo, sadicamente, para deixar as funcionárias, a maioria em completo estado de pânico, é uma lembrança que trago e não gosto de relembrar.
Mas mesmo assim teve os momentos onde a tensão foi substituída por cenas hilárias, onde a rua inteira riu de um homem da lei que foi rastejando com seu fuzil, se aproximou da porta da agência sem ser visto e tentou ficar com a mira para poder atirar – se porventura tivesse chance –, mas que, ao passar por baixo de um carro, ficou preso, entalado, e não pode se mexer mais: o esforço que ele fazia para poder desvencilhar-se da esdrúxula situação, o levava cada vez mais ao desconforto de se fazer preso sem ser preciso dar voz de prisão. Felizmente foi salvo por colegas de farda que aproveitaram a movimentação feita no centro da agência e o tiraram de lá.
Felizmente, para nós, tudo terminou bem. Lamento pelo rapaz. Infelizmente sua aventura só durou oito horas. Até hoje não ficou claro o que ele queria. Nunca saberemos. Talvez tenha sido para ele, um dia de fúria, de terror, também. Com certeza foi.
No final, entrevistas. Jornal Nacional, Jornal da Globo. Eraldo Pereira. Novinho. Começando. Nem sei o que falei. Meu pensamento estava em casa, nos colegas. Por isso a lembrança dessa semana. Página virada.
Essa semana ao passar na Rua Idalino de Oliveira, em frente ao prédio de número 106, o coração disparou de saudade. Aquele prédio lá, hoje servindo a Secretaria Municipal, me abrigou profissionalmente durante onze anos. A mim e inúmeros, hoje, homens públicos da nossa cidade.
Ali labutamos arduamente na tarefa de atender bem a clientela que freqüentava a agencia bancária do hoje extinto Banorte. Rapazes e moças que se desdobravam em múltiplas funções, para produzirem conforto em bem receber, com a capacidade de saberem, com maestria, como oferecer os produtos e serviços ofertados pelo estabelecimento bancário local.
Tempos onde quase tudo era manual – diferentemente de hoje que é tudo automatizado, on-line, globalizado – e uma pequena transferência de dinheiro de uma conta para outra, em outra agência, demorava mais de um dia. A contabilidade se fazia manualmente, datilografando os recibos de créditos e débitos – para serem autenticados em máquinas apenas elétricas ou de manivela. A compensação era um sufoco, devido o volume de cheques a ser compensados e as transações de empréstimos levavam meio dia para ser batidos em toda sua papelada.
As filas nos caixas eram enormes. No início éramos quatorze caixas e, mesmo assim, ficava difícil dar conta de tantos papéis para autenticar. Nessa época se autenticava de tudo, também pudera, não existia caixa eletrônico, nem loterias para esvaziar o fluxo diário nas agências. E tinha pagamento de prefeitura, comércio, INSS, indústrias, o que demandava tempo, pois tudo era feito “na boca do caixa”.
Entretanto, não era só sufoco. Havia os momentos de diversão e esses se davam em forma de final de ano quando nós nos reuníamos e passávamos um dia inteiro nos confraternizando, esquecendo da labuta pesada de mais um ano. Era só alegria.
E quando a informática chegou a nossa cidade, o primeiro banco a usar a nova tecnologia, foi o nosso. No início foi um sufoco danado. Em compensação, facilitou muito o nosso dia-a-dia. E também facilitou a dispensa de muitos colegas. Já não se fazia mais necessário tantos funcionários. Era a modernidade desempregando. Ficamos em apenas cinco caixas. O restante foi procurar novos destinos. Encontraram.
Também tivemos momentos desagradáveis e perigosos. Fomos à segunda agência em todo o Brasil a ser assaltada, onde o assaltante fez reféns. Depois virou moda. Um dia de cão. De humilhação. Ver colegas a beira do desespero, chorando, em estado de choque, sendo preciso um esforço muito grande dos que tinham mais controle para não os verem tomando uma decisão trágica e sofrerem as conseqüências dos atos ali mesmo; pegando seus braços, segurando-os, torcendo para que não fosse visto – por ele, o assaltante – o terror em seus rostos, enfim, se ver na mão de um desequilibrado que atirava a esmo, sadicamente, para deixar as funcionárias, a maioria em completo estado de pânico, é uma lembrança que trago e não gosto de relembrar.
Mas mesmo assim teve os momentos onde a tensão foi substituída por cenas hilárias, onde a rua inteira riu de um homem da lei que foi rastejando com seu fuzil, se aproximou da porta da agência sem ser visto e tentou ficar com a mira para poder atirar – se porventura tivesse chance –, mas que, ao passar por baixo de um carro, ficou preso, entalado, e não pode se mexer mais: o esforço que ele fazia para poder desvencilhar-se da esdrúxula situação, o levava cada vez mais ao desconforto de se fazer preso sem ser preciso dar voz de prisão. Felizmente foi salvo por colegas de farda que aproveitaram a movimentação feita no centro da agência e o tiraram de lá.
Felizmente, para nós, tudo terminou bem. Lamento pelo rapaz. Infelizmente sua aventura só durou oito horas. Até hoje não ficou claro o que ele queria. Nunca saberemos. Talvez tenha sido para ele, um dia de fúria, de terror, também. Com certeza foi.
No final, entrevistas. Jornal Nacional, Jornal da Globo. Eraldo Pereira. Novinho. Começando. Nem sei o que falei. Meu pensamento estava em casa, nos colegas. Por isso a lembrança dessa semana. Página virada.
Obs. Imagem da internet