O recomeço
Era um domingo de outono. Por volta das 6:15hrs o sol invadiu a simples casa no meio campo e, com o canto das árvores balançadas pelo vento, o pequeno garoto despertou. Seu pai, como cotidianamente, já estava de pé fazendo o café e adiantando as coisas para irem à Santa Missa. Os homens já estavam prontos e aguardavam as mulheres, que sempre se atrasavam para a partida. Foi uma belíssima Missa e, ao retornar, o pequeno garoto sonhador, subiu o morro com seu bloco de anotações e um simples lápis. Parou quase no topo, sentou na beirada do aclive, e permitiu que sua imaginação fosse para terras desconhecidas até então. Era por volta das 10:30hrs. Escreveu, escreveu, escreveu...
Nunca experimentara isso. Começou criando alguns personagens, contratempos e aventuras.
Até que, estando tão maravilhado com sua imaginação, nem percebeu estar se aproximando da beira do aclive. Falava em voz alta e escrevia, quando, de repente, tropeçou e caiu de boca no chão. Alguns arranhões, sangue correndo no rosto, mas só havia uma preocupação: onde estava o bloco e o lápis? Procurou, procurou, procurou...e nada de achar!
Traçou o caminho de volta e contou a história para seus pais que, primeira e obviamente, se preocuparam com o rosto sangrento do garoto, que não se conformava em ter perdido todo o enredo por ele escrito. Sua mãe cuidou de seus ferimentos e seu pai, de forma calma e firme, foi falar com o irritado garoto.
-Filho, você perdeu algo que ainda existe dentro de ti. Só perdeste tuas anotações, mas a história ainda está em tua mente. Escreva novamente. Coragem! Pegue outro bloco e outro lápis, nem tudo está perdido!
O garoto se confortou e nem quis almoçar. Procurou o primeiro bloco e lápis que encontrou e, subindo novamente ao morro, reiniciou a tão empolgante história. Não, não tropeçou novamente. Dessa vez agiu com um cuidado maior e, depois de viajar em seus pensamentos, concluiu sua preciosa história.