COISAS DE FAMÍLIA

Maio correndo... já vai pela metade... Penso nas coisas boas deste mês e o sinto como uma etapa macia do ano. Ali atrás descobri que hoje é dia da família. Mais uma coisa macia e aveludada de maio.

Família é como uma boa e aconchegante almofada, na qual apoiamos a cabeça nos momentos de cansaço e, quando muito felizes, fazemos uma farra gostosa com ela.

Minha filha aos três anos verbalizou o maior sentimento do mundo:"mamãe, eu te amo!". O filho também, logo que começou a formar frases, ao ouvir minha expressão de amor entre beijinhos espalhados por ele todo, repetia: "eu te amo!"

Foi então que caiu minha ficha, pois percebi que ouvir essa declaração dos filhos dá a sensação de experimentar o mel da melhor flor. E eu, por questões de época e de costumes, não adquirira o hábito de dizer aos meus pais que os amava. Abraçava-os e os beijava nos momentos pré-estabelecidos de entrega de um presentinho no Natal, nos aniversários, ou dia deles. Mas, havia um quê envergonhado de dizer do amor.

Falta de hábito, talvez. Mas o amor era grande, apesar de mudo e só expressado em ações. Coisas da época e das gerações, penso eu.

Aprendi com os filhos, tão pequeninos, que era bom ouvir "eu te amo". Eles são grandes professores!

Minha mãe morava comigo, quando tive minhas crianças e graças aos meus pequenos mestres, pude dizer muito a ela do meu amor. Ainda sinto seu cheirinho ao me lembrar das tantas vezes que a abracei e disse: "mãe, eu te amo". Na primeira vez, ela me olhou surpresa e agradeceu, acreditem, ela agradeceu: "obrigada, filha!".

Graças aos filhos, eu dei a ela essa felicidade até o seu último suspiro , que se foi segurando minhas mãos e as beijou.

Infelizmente, o mês de maio perdeu um pouco a maciez em 1984, porque levou meu pai num triste e cinzento dia. Eu não tive tempo de lhe dizer do meu imenso amor, porque meus filhos ainda não eram nascidos...eu não havia aprendido ainda essa lição.

Mas ele sabe quanto o amei e amo e, com certeza está sorrindo lá no Alto, enquanto finge que vai morder minha mão segurando seu bigode. E ri, que se esculhamba, do meu inevitável susto!

Ainda é tempo: "Pai, eu te amo!"

Família é isso, coisa macia e aveludada, onde apoiamos a cabeça nas melhores e nas piores horas...e sentimos o doce perfume da melhor flor.

Dalva Molina Mansano

Maio/22

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 15/05/2022
Código do texto: T7516716
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