CUIDADO PARA NÃO CAIR!...
Prof. Antônio de Oliveira
“Ao vencido, ódio ou compaixão: ao vencedor, as batatas.” Cunhada pelo personagem Rubião, de Quincas Borba, romance de Machado de Assis, essa frase deixa um recado forte. Esse pode ser o destino dos vencedores picados pela Mosca Azul, também. Superar os próprios limites. Segundo Pedro Bloch (1966): “fazer o melhor possível; o resto é problema dos outros”. Não é à toa que a queda de braço é chamada quebra de braço. Entre o vencedor e o vencido há um fio tênue. Quando um Triunfador entrava solenemente em Roma, um escravo, de pé atrás dele, para arrefecer sua vaidade, dizia-lhe:
– Cuidado! Não caias. ”Cave ne cadas”, em latim.
A noite não cai de repente. Quando vai caindo, anoitecendo, verbo incoativo, a lua ocupa o espaço tornado escuro e assume sua função “clarear”, mansamente, até maximizar-se o seu clarão. A sobrevivência do mais forte certamente não se dá também sem perdas e danos para o vencedor: danos materiais, gastos com investimentos bélicos, perdas humanas. E batatas... Mesmo assim: “Alô, alô, marciano!...”
Mosca Azul, o que tem a ver com isso? Trata-se do poema, Mosca Azul, também produção literária de Machado de Assis. Era uma vez um plebeu que, ao deparar com uma mosca azul, com “asas de ouro e granada”, fica deslumbrado e passa a sonhar com riquezas e poder, a ponto de comprometer sua saúde mental. Essa história, principalmente em períodos eleitorais, aplica-se pelo menos a alguns candidatos. Ou não é bem assim?!... A mim me parece que é. O poder deslumbra, o dinheiro atrai, a fama envolve. Enfim, mando pelo mando. Esse o grande risco em tão nobre mister...