EU E MINHA CIRCUNSÂNCIA (BVIW)

 

Palavras puras. Atos puros. Amor puro. Vida pura. E agora, Maria,  o que vamos fazer com tanta pureza, alcançar o céu?  E, enquanto não alcanço o céu  vou pro espelho para ver se ele reflete tanta “pureza” - mas  antes explico - não é uma visão exterior que busco, o que busco é o  que a realidade esconde, é  a face dos meus sonhos só visível ao meu olhar de poeta. Mas quem disse que sou poeta? Acho mais é que tenho  cara de bobo, pois  segundo Clarice, só o bobo é capaz de excesso de amor e só o amor faz o bobo.

“Acho que não passo de um tipo perdido em busca de autores”, não sei ao menos o que me aguarda na próxima curva. E se não percebo o dia passar, pouco importa que a semana voe, o mês acabe e que o ano finde. Continuo eu e a minha circunstância.

E tudo não passa de Quimeras sem a expectativa de concretude me deixando levar por pelejas irreais. Por que perseguir utopias? Cadê a minha razão? Até onde sou levada por minhas abstrações diante do real? Por que todos os caminhos me levam às estrelas, o inalcançável? Cadê o meu olhar lúcido?  Quantas faces minhas o espelho reflete?

 

 

 

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 10/05/2022
Reeditado em 10/05/2022
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