Reflexo - BVIW
Inicialmente pensei em Cecília, que não sabia em que espelho ficara perdida sua face. Em seguida, foi a vez de Quintana, admirado ao ver que, do espelho, quem o fitava era seu pai.
Creio que estou mais para Quintana, pois a face que me fita do espelho é a de minha mãe. Mesmos traços, mesmo olhar, trejeitos semelhantes. E não só a face, mas o comportamento, as atitudes, a ansiedade, as frases que quase que se repetem, são como um eco vindo do passado.
Envergonhada, recordo a criança malcriada que disse: “você é horrorosa, se eu ficar parecida com você, me suicido.” No dia seguinte, pazes feitas ao encontrarem uma antiga colega de escola de mamãe, a criança ouve: “nem precisa dizer que é sua filha, é a sua cara”. E mamãe: “Olha ali o bonde, você não vai se jogar embaixo?”
Minha irmã e eu havíamos prometido não repetir a conduta ansiosa de mamãe e suas preocupações. E hoje vejo que, como na canção que Elis Regina cantava, por mais que evitemos, fazemos tudo exatamente como nossos pais...
Não somos nem a outra face da moeda, somos a mesma face!
Lu Narbot
Tema: Faces